Em 2008, o investimento directo estrangeiro global deverá diminuir perto de 20%, mas o investimento directo da China no exterior prevê-se que venha a duplicar, segundo um estudo realizado por Ken Davies do Vale Columbia Center on Sustainable International Investment.
Na sequência de uma decisões tomadas pelo governo chinês, a China tornou-se, a partir de 2000, um “international player” enquanto emissor de investimento directo estrangeiro, e não apenas receptor, conforme se poderá constatar dos dados abaixo apresentados:
1982-1989 – 453 milhões de USD
1990-1999 – 2,3 mil milhões de USD
2004 – 5,5 mil milhões de USD
2005 – 12,3 mil milhões de USD
2006 – 17,6 mil milhões de USD
2007 – 24,8 mil milhões de USD
2008 – 40,7 mil milhões de USD (estimativa)
Fonte: Vale Columbia Center on Sustainable International Investment
Se incluirmos, em 2008, os investimentos financeiros (não contabilizáveis até 2006), o total de investimentos chineses no exterior atingiria 52,2 mil milhões de USD, ou seja quase o dobro dos 26,5 mil milhões de USD investimentos (inclui investimentos financeiros) efectuados em 2007.
Em 2009, e apesar da crise económica e financeira internacional, esta tendência deverá manter-se, como aliás comprovam as últimas noticias sobre investimentos chineses na Austrália (sobretudo no sector dos recursos naturais) e nos EUA.
Segundo Ken Davies do Vale Columbia Center on Sustainable International Investment, os “key drivers” que explicam esta situação são os seguintes: “(1) One of the most reported motivations in the international media and in some academic writing is China’s need to secure natural resources to fuel rapid growth, though this is actually not the most significant area of China’s outward investment, which is service industry. Government backing, including official development assistance (ODA), has been crucial for this resource-seeking investment. (2) While most of China’s exports are from foreign-owned enterprises, large domestic firms also export large volumes and need services like shipping and insurance. (3) China’s major enterprises are also acquiring global brands (like Lenovo’s acquisition of IBM’s personal computer business or the SAIC and Nanjing purchase of MG Rover). (4) Large state-owned enterprises (SOEs) losing their monopoly position at home are diversifying internationally. And (5) some enterprises – despite China’s ample labour supply – seek to move their labour intensive operations to cheaper overseas locations like Vietnam and Africa.”
Em termos geográficos, e apesar de imprensa abordar com regularidade o tema dos investimentos chineses em Africa, o Continente Africano representou, até finais de 2007, apenas 4% do total de IDE acumulado chinês no exterior. Os principais destinos do IDE chinês foram o Continente Asiático ( 67% do total), América Latina (21%), Europa (4%), América do Norte (3%) e Oceânia (2%). Por outro lado, grande parte destes investimentos são originários das províncias e municípios costeiros da China, já por si bastante envolvidos no comércio internacional, como são os casos de Guangdong (20% do total e também o maior receptor de IDE na China), Zhejiang (8%) e Shandong (8%).
Em face deste quadro de referência, e apesar do IDE chinês no exterior ainda representar pouco mais de 1% do total mundial de IDE, parece-nos que as entidades oficiais e as empresas portuguesas deverão estar particularmente atentas a esta nova realidade, devendo abordar e procurar sensibilizar, de uma forma regular, os dirigentes politicos e os responsáveis das principais multinacionais chineses para as potencialidades da economia e das firmas nacionais, não esquecendo também a promoção das oportunidades de cooperação empresarial e de realização de parcerias em terceiros mercados.