A recente deslocação do ex-Presidente dos EUA, Bill Clinton, à Coreia do Norte e a sua intervenção na libertação das duas jornalistas reféns do regime norte-coreano, vem uma vez mais chamar a atenção para a colaboração relevante que diversos ex-Presidentes e ex-Vice-Presidentes norte-americanos têm prestado a sucessivas administrações. Este apoio, formulado pelas administrações norte-americanas e independente das “cores políticas” dos antigos governantes, tem permitido a resolução ou intermediação de questões nacionais ou internacionais estratégicas, onde geralmente estão em causa os interesses nacionais dos EUA ou dos seus principais parceiros. No fundo, tem vindo a recorrer-se, com bastante frequência, ao poder simbólico dessas individualidades e ao seu prestígio, experiência e “networking” (o chamado “soft power”, na terminologia de J. Nye) para apoiar os esforços dessas administrações, sobretudo em assuntos de âmbito político, económico ou até humanitário. Jimmy Carter, George Bush (pai), Bill Clinton, Walter Mondale, Dan Quayle e Al Gore têm-se destacado, nos últimos anos e depois de abandonarem os seus postos, em algumas dessas missões ao serviço dos EUA. Exemplos semelhantes, podemos encontrar também em alguns países europeus, com destaque para a França e Alemanha. Tudo isto para concluirmos que há muito que não percebemos as razões que levam as autoridades portuguesas – Governo e Presidência da República - a não solicitarem , com mais regularidade e frequência, o apoio de antigos Presidentes da República, e até de ex-Presidentes da Assembleia da República, para missões ou iniciativas onde esteja em causa a defesa e a salvaguarda dos interesses nacionais.