A última
edição do Africa’s Pulse (veja aqui), newsletter bi-anual do Banco Mundial,
destaca um conjunto de factos relacionados com a evolução económica e social
recente do Continente Africano, nomeadamente (os sublinhados são meus):
- “O crescimento económico na África Subsariana (ASS) continua a
expandir-se, com os 4,7 por cento de 2013 a subirem para uma previsão de 5,2 por
cento em 2014. Este desempenho está a ser incentivado por uma subida do
investimento em recursos naturais e infraestruturas, e um robusto consumo das
famílias”.
- “Os fluxos de capital para a África Subsariana continuaram a crescer,
atingindo uma percentagem calculada em 5,3 por cento do PIB regional em 2013,
consideravelmente acima da média de 3,9 por cento dos países em
desenvolvimento. Os fluxos entrados na região em investimento líquido direto
estrangeiro (IDE) cresceram 16 por cento, atingindo um quase-record de USD43 mil
milhões em 2013, graças ao impulso de novas descobertas de petróleo e gás em
muitos países, incluindo Angola, Moçambique e Tanzânia”.
- “A globalização de serviços é potencialmente uma fonte importante de
crescimento para países em desenvolvimento. A tecnologia e a terceirização estão
a permitir que serviços tradicionais ultrapassem velhos constrangimentos, como a
distância física e geográfica. Os serviços modernos, como o desenvolvimento de
software, centrais de atendimento e processos administrativos
deslocalizados, pode ser negociados tal como produtos manufaturados de valor
acrescentado, permitindo aos países em desenvolvimento concentrar o seu enfoque
nesses serviços, na inovação e tecnologia, usando os serviços como importante
alavanca de crescimento”.
- “Embora as exportações da África Subsariana continuem concentradas em
alguns poucos produtos estratégicos, os países da região fizeram substanciais
progressos na diversificação dos seus parceiros comerciais”, refere
Francisco Ferreira, Economista Chefe do Banco Mundial para a Região
África. “Ao longo da última década, as exportações para mercados
emergentes, como os BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – cresceram de forma
robusta, devido principalmente à prolongada fase de procura de matérias-primas.
Os BRIC receberam apenas 9 por cento das exportações da África Subsariana em
2000, mas, uma década depois, representavam 34 por cento do total das
exportações (…) O Dr. Ferreira explica que o total de exportações para os BRIC
ultrapassou as exportações da região para o mercado da União Europeia (UE) em
2010 e continua a crescer. Em 2012 as exportações da região para os BRIC
atingiram USD 145 mil milhões. Só a China, representava cerca de um quarto (23,3
por cento) do total de exportações de mercadorias. Como é evidente, esta mudança
de parceiros comerciais aponta também a vulnerabilidade da região a qualquer
abrandamento nos BRIC, em particular na China ”.
A referida publicação acrescenta ainda que os principais riscos ao
crescimento e ao desenvolvimento desta região estão fundamentalmente
relacionados com a instabilidade política, as alterações dos preços das
matérias-primas e a volatilidade local dos preços dos alimentos. Mas são os
desafios suscitados pela rápida mudança e transformação económica e social do
Continente Africano e os substanciais progressos que os países africanos estão a
realizar na diversificação dos seus parceiros comerciais que nesta altura devem
merecer a necessária atenção por parte dos actores nacionais envolvidos na realização de
negócios e na implementação de actividades de cooperação para o desenvolvimento com esta
região.