terça-feira, 22 de abril de 2014

África em mudança

A última edição do Africa’s Pulse (veja aqui), newsletter bi-anual do Banco Mundial, destaca um conjunto de factos relacionados com a evolução económica e social recente do Continente Africano, nomeadamente (os sublinhados são meus):
 
- “O crescimento económico na África Subsariana (ASS) continua a expandir-se, com os 4,7 por cento de 2013 a subirem para uma previsão de 5,2 por cento em 2014. Este desempenho está a ser incentivado por uma subida do investimento em recursos naturais e infraestruturas, e um robusto consumo das famílias”.
 
- “Os fluxos de capital para a África Subsariana continuaram a crescer, atingindo uma percentagem calculada em 5,3 por cento do PIB regional em 2013, consideravelmente acima da média de 3,9 por cento dos países em desenvolvimento. Os fluxos entrados na região em investimento líquido direto estrangeiro (IDE) cresceram 16 por cento, atingindo um quase-record de USD43 mil milhões em 2013, graças ao impulso de novas descobertas de petróleo e gás em muitos países, incluindo Angola, Moçambique e Tanzânia”.
 
- “A globalização de serviços é potencialmente uma fonte importante de crescimento para países em desenvolvimento. A tecnologia e a terceirização estão a permitir que serviços tradicionais ultrapassem velhos constrangimentos, como a distância física e geográfica. Os serviços modernos, como o desenvolvimento de software, centrais de atendimento e processos administrativos deslocalizados, pode ser negociados tal como produtos manufaturados de valor acrescentado, permitindo aos países em desenvolvimento concentrar o seu enfoque nesses serviços, na inovação e tecnologia, usando os serviços como importante alavanca de crescimento”.
 
- Embora as exportações da África Subsariana continuem concentradas em alguns poucos produtos estratégicos, os países da região fizeram substanciais progressos na diversificação dos seus parceiros comerciais”, refere Francisco Ferreira, Economista Chefe do Banco Mundial para a Região África. “Ao longo da última década, as exportações para mercados emergentes, como os BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – cresceram de forma robusta, devido principalmente à prolongada fase de procura de matérias-primas. Os BRIC receberam apenas 9 por cento das exportações da África Subsariana em 2000, mas, uma década depois, representavam 34 por cento do total das exportações (…) O Dr. Ferreira explica que o total de exportações para os BRIC ultrapassou as exportações da região para o mercado da União Europeia (UE) em 2010 e continua a crescer. Em 2012 as exportações da região para os BRIC atingiram USD 145 mil milhões. Só a China, representava cerca de um quarto (23,3 por cento) do total de exportações de mercadorias. Como é evidente, esta mudança de parceiros comerciais aponta também a vulnerabilidade da região a qualquer abrandamento nos BRIC, em particular na China ”.
 
A referida publicação acrescenta ainda que os principais riscos ao crescimento e ao desenvolvimento desta região estão fundamentalmente relacionados com a instabilidade política, as alterações dos preços das matérias-primas e a volatilidade local dos preços dos alimentos. Mas são os desafios suscitados pela rápida mudança e transformação económica e social do Continente Africano e os substanciais progressos que os países africanos estão a realizar na diversificação dos seus parceiros comerciais que nesta altura devem merecer a necessária atenção por parte dos actores nacionais envolvidos na realização de negócios e na implementação de actividades de cooperação para o desenvolvimento com esta região.