domingo, 14 de dezembro de 2014

As prioridades do processo de expansão internacional das universidades do Reino Unido

David Bell, Vice-Chanceler na Universidade de Reading, Reino Unido, num artigo de opinião que publicou recentemente com o titulo "Why Africa should be the next focus for UK global higher education drive" faz uma excelente análise do processo de internacionalização das universidades britânicas e dos desafios actualmente existentes nesta área. Desta análise retirámos algumas considerações que nos parecem bastante relevantes, a saber:

- "Until now, UK universities have focused on the emerging economies of Asia, with great success. This has brought Asian students to the UK in large numbers. It has also prompted British universities to set up new campuses overseas and initiate agreements with in-country institutions – the model known as transnational education".

-  "Transnational education is on the rise. In November, the Higher Education Funding Council for England reported on the increasing importance of overseas campuses and partnerships in sustaining the growth of UK universities. The Department for Business and Industry has also calculated that the sector is worth nearly half a billion pounds annually.Currently, South Africa is still somewhat off the radar of many UK universities. But some international providers, such as Australia’s Monash University, are already well embedded and seeing the extraordinary results. I am proud that my institution’s business school is among them".

-  "Given the strong historical ties to Britain, South African students might consider coming to UK universities to supplement their in-country education, before returning to lead change. Such transnational education can bring additional benefits for UK-based students too. As graduate employers increasingly look to attract a workforce with “global skills", providing opportunities for study and travel in both directions becomes more important. Transnational campuses in English-speaking countries could bring new opportunities for more adventurous anglophone undergraduates, in subjects beyond those that traditionally involve a year abroad".

Em síntese, parece-nos que esta reflexão de David Bell pode constituir um contributo importante para o debate que está a ter lugar em algumas universidades portuguesas (públicas e privadas) sobre o seu processo de expansão internacional, nomeadamente para os países lusófonos. Aliás, estamos em crer que este espaço de expansão natural das universidades portugueses vai passar a ser disputado, a muito curto prazo, por universidades de outros países, a exemplo do que verifica em outros sectores da actividade económica.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Despesas militares em África aumentaram 8,3% em 2013



"Last year military spending there grew by 8.3%, according to the Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), faster than in other parts of the world (see chart). Two out of three African countries have substantially increased military spending over the past decade; the continent as a whole raised military expenditure by 65%, after it had stagnated for the previous 15 years. Angola’s defence budget increased by more than one-third in 2013, to $6 billion, overtaking South Africa as the biggest spender in sub-Saharan Africa. Other countries with rocketing defence budgets include Burkina Faso, Ghana, Namibia, Tanzania, Zambia and Zimbabwe. The continent’s biggest spender by far is Algeria, at $10 billion".

domingo, 23 de novembro de 2014

Iran - The revolution is over (?)

A revista The Economist na sua edição de 1 de Novembro dedica um caderno especial ao Irão com o sugestivo titulo "The revolution in over" (que pode ver aqui). Trata-se de uma excelente análise da evolução recente deste país, ao nível político, económico e social, e onde é evidenciada a possibilidade de um acordo com os países ocidentais em relação ao programa nuclear iraniano na sequência das negociações que têm tido lugar em Genebra. Um acordo que, a concretizar-se, poderá mudar bastante a economia iraniana e o quadro actual das relações politicas e diplomáticas no Próximo e Médio Oriente. Hoje a BBC dá conta do grande esforço que está a ser feito pelos ministros dos negócios estrangeiros dos EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Alemanha e Irão para a conclusão do referido acordo até amanhã, Segunda-feira. Sinais de que algo poderá vir a mudar na revolução iraniana.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Estudo da Fundação Dom Cabral (Brasil) revela que 25% das “startups” brasileiras cessam a sua actividade em menos de 1 ano

A Fundação Dom Cabral, a 1ª escola de negócios da América Latina e a 23ª no ranking de 2014 do Financial Times sobre as melhores escolas de negócios do mundo, investigou as causas da “mortalidade” das “startups” brasileiras (empresas inovadores e com forte incorporação tecnológica) e concluiu que 25% destas empresas cessam a sua actividade antes de atingirem o 1º ano de actividade e cerca de 50% não chegam a atingir 4 anos de actividade. De acordo com este estudo, onde foram entrevistados os fundadores de 221 “startups” (130 “startups” em operação e 91 já descontinuadas), as principais causas da descontinuidade ou encerramento destas empresas têm a ver, sobretudo, com três tipos de factores:

- “O primeiro é o número de sócios: a cada sócio a mais que trabalha em tempo integral na empresa, a chance de descontinuidade da startup aumenta em 1,24 vez. Ou seja, quanto mais fundadores à frente da startup, maiores as suas chances de ‘morrer’. “


- “Outro fator avaliado é o volume de capital investido na “startup” antes do início das vendas. Três situações foram consideradas: empresas que, antes de faturar, dispunham de capital suficiente para manter seus custos operacionais por um mês; ou pelo período de 2 meses a um ano; ou por mais de um ano. A pesquisa mostra que o cenário mais preocupante é o de startups cujo capital investido cobre os custos operacionais pelo período de 2 meses a um ano – elas são 3,2 vezes mais suscetíveis de desaparecer do que as companhias com capital suficiente para cobrir os custos por um mês e 2,5 vezes mais suscetíveis do que as com capital para cobrir os custos por mais de um ano de operação”.

- “O terceiro fator para avaliar as causas da ‘mortalidade’ das startups no Brasil é o local de instalação. Quando a empresa está em uma aceleradora, incubadora ou parque, a chance de descontinuidade da empresa é 3,45 vezes menor em relação às startups instaladas em escritório próprio ou sala/loja alugada. A pesquisa mostra, ainda, o padrão de instalação das startups nos Estados brasileiros. No Rio Grande do Sul e Pernambuco, elas tendem a se instalar em incubadoras, aceleradoras e parques; em São Paulo e Paraná, é mais comum a prática do home-office, coworking e escritório virtual; no Rio de Janeiro e Minas Gerais, predomina a instalação da empresa em escritório próprio ou sala alugada.”

As conclusões deste estudo (que pode ver aqui) são de grande importância e utilidade, quer para os empreendedores brasileiros que pretendam vir a criar as suas próprias “startups”, quer inclusive para próprias "startups" estrangeiras, incluindo obviamente as portuguesas, que tenham intenções de se instalarem no Brasil, pois são identificadas as principais ameaças e barreiras actualmente existentes ao estabelecimento e à sobrevivência deste tipo de empresas no referido mercado.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Os 16 melhores locais para investir na Polónia

O PAIiIZ - Agência Polaca de Informação e de Investimento Estrangeiro acaba de anunciar o resultado do concurso  "The Golden Site' 2014 National Competition" onde foram seleccionados os 16 melhores locais para investir na Polónia. Na edição deste ano da referida competição que escolhe a melhor localização para a realização de investimentos em cada uma das 16 Províncias polacas, constata-se que as empresas procuram, sobretudo, espaços que estejam situados próximos de boas vias de comunicação e de Zonas Económicas Especiais e que permitam a realização de investimentos de raíz. Veja aqui uma breve caracterização dos referidos "16 Polish best investment sites of 2014".

terça-feira, 28 de outubro de 2014

A propósito da venda pela Suécia de 36 aviões de combate Gripen ao Brasil

A indústria de defesa sueca continua a fazer o seu caminho, com descrição, mas com grande eficiência, como, aliás, caracteriza a abordagem e o posicionamento internacional da generalidade dos agentes económicos públicos e privados suecos. Desta vez, o construtor de aviões SAAB acabou de concluir um acordo com o governo brasileiro para a venda de 36 caças Gripen por um valor de 4,8 mil milhões de euros, num contrato em que competia com a francesa Dassault-Aviation, com o seu modelo Rafale, e com a norte-americana Boeing que apresentava uma proposta para o fornecimento do F/A-18 Super Hornet. Esta encomenda vai permitir, à Suécia, a criação de milhares de postos de trabalho e o desenvolvimento a longo prazo deste modelo de avião e da própria indústria de aviação militar sueca e, ao Brasil, o acesso a conhecimentos e a tecnologias nas áreas da concepção e construção de aviões de combate.

O avião de caça Gripen é actualmente utilizado pelas forças armadas da Suécia, República Checa, Hungria, África do Sul e Tailândia.


A Suécia é um país membro da União Europeia, mas que não integra a Nato, e constitui o 3º maior exportador de armas do mundo “per capita”, atrás de Israel e da Rússia.


Estes factos vêm chamar-nos a atenção para, pelo menos, três situações que devem merecer alguma reflexão. A primeira, tem a ver com a competitividade demonstrada pela indústria de defesa europeia que, mesmo nestes tempos de recessão em muitos países do Continente Europeu, é capaz de rivalizar com a oferta da norte-americana Boeing, um dos principais “players” mundiais na área da defesa (apesar de que devemos também ter presente a dimensão política geralmente associada a este tipo de contratos). A segunda, está relacionada com o facto muito relevante da indústria de defesa sueca ter conseguido modernizar-se fora do contexto politico e institucional da NATO ou de qualquer outra aliança militar. E a terceira, vem destacar a necessidade das empresas portuguesas continuarem a acompanhar com muita atenção as oportunidades de cooperação industrial e tecnológica existentes no mercado sueco, quer no sector da defesa, quer em outros sectores de actividade.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Homenagem a Ildo Lobo (1953-2004)

 
 
Há dez anos falecia, na cidade da Praia, Ildo Lobo, uma das maiores vozes de Cabo Verde. Para assinalar a data, um grupo de amigos reuniu-se há dias, em Cabo Verde, para o homenagearem. Uma justa homenagem!

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Reunião anual da ETPO - European Trade Promotion Organisations

A reunião anual da ETPO - European Trade Promotion Organisations tem lugar hoje e amanhã em Madrid (Espanha). Desta vez, participam representantes de 22 agências públicas europeias de promoção das exportações e do invesimento, incluindo a AICEP. É uma excelente oportunidade para conhecer as principais tendências ao nível das politicas públicas de apoio à internacionalização e para efectuar "benchmark" das actividades desenvolvidas por algumas das mais dinâmicas agências públicas de promoção das exportações.

Mercados fronteira: África lidera interesse numa amostra de 200 multinacionais

O "WSJ Frontiers/FSG Frontier Markets Sentiment Index Q3 2014" acaba de ser anunciado. Baseado numa amostra de 200 empresas multinacionais, este estudo revela um interesse acrescido destas empresas num conjunto de mercados fronteira, com destaque para a Nigéria, Quénia, Arábia Saudita e Marrocos. África continua a ser a região que suscita mais interesse junto das referidas empresas multinacionais, contribuindo com 5 mercados para o Top 10 e com 12 para o TOP 20. Veja mais informações sobre este assunto aqui.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Publicações do Banco de Portugal sobre os Países de Língua Portuguesa

O Banco de Portugal acaba de publicar três interessantes publicações sobre  a economia e as relações económicas com os Países de Língua Portuguesa, nomeadamente:

- Evolução das Economias dos PALOP e de Timor-Leste 2013-2014;
- Cadernos de Cooperação nº 5;
- #Lusofonia - 2014 .

Estes são trabalhos que têm contribuido para uma melhoria bastante significativa do conhecimento público sobre os Países de Língua Portuguesa, permitindo também o acesso a conjunto de dados de natureza económica que se encontram muitas vezes inacessíveis, dispersos e desactualizados. 

A nova dinâmica do International Trade Centre

O International Trade Centre (ITC), instituição conjunta das Nações Unidas e da Organização Mundial do Comércio (OMC), está a sofrer uma verdadeira revolução desde a chegada à sua liderança, em Setembro de 2013, da espanhola Arancha González. Desde que acompanho esta instituição, e já lá vão alguns anos, julgo que nunca assisti a um trabalho tão notável e relevante como aquele que está a ser agora desenvolvido por Arancha González, uma especialista em comércio e investimento internacional que chefiou durante vários anos o gabinete de Pascal Lamy na OMC. Uma das últimas iniciativas do ITC foi o lançamento da "SME Trade Academy", uma plataforma tecnológica que pretende oferecer formação "on line" para pequenas e médias empresas e para especialistas nas áreas do comércio e do investimento internacional dos sectores público e privado.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Construtoras espanholas reforçam presença no mercado dos EUA

O mercado norte-americano na área das infra-estruturas está revelar-se muito atractivo para as principais empresas construtoras espanholas. Ferrovial, ACS, OHL, e num plano mais secundário as suas congéneres ACCIONA e FCC, têm hoje uma presença muito forte no mercado dos EUA (ver aqui). Chegaram a este país em plena "bolha imobiliária espanhola", através da realização de diversas aquisições concretizadas entre 2005 e 2007, e actualmente os EUA têm uma importância muito relevante no volume de negócios destas empresas, fundamentalmente na área das estradas e auto-estradas. Trata-se de uma estratégia de internacionalização que está agora a obter os seus melhores resultados, depois de algumas dificuldades iniciais decorrentes, entre outros motivos, da subvalorização das diferenças existentes entre o mercado dos EUA e os mercados europeus onde tradicionalmente estas empresas tinham maior intervenção.

Será que as empresas da América Latina podem ter sucesso na China?

Já todos sabemos que a China (também) tem uma importância cada vez mais preponderante na América Latina. Mas o Banco Inter-Americano para o Desenvolvimento pretendeu também perceber o posicionamento das empresas da América Latina na China, tendo realizado para o efeito um estudo que designou por "LAC Investment in China: A New Chapter in Latin America and the Caribbean-China Relations". Deste trabalho resultaram as seguintes principais conclusões: " (1)  "While natural resources continue to make up the bulk of the region’s exports to China, a diverse group of LAC firms selling products from pastry rolls and passenger jets to IT services have established a strong presence in the Chinese market—showing the answer to that question is a resounding “yes.”; (2) In contrast to LAC-China trade, manufacturing firms are the majority, making up 56 percent of the sample, and representing sectors such as industrial machinery, metals, and foods and beverages. The primary sector accounts for a mere 15 percent of the total; (3) Another important finding is that while the overall amount of LAC foreign direct investment (FDI) in China is small—official data puts the number at US$ 917 million between 2002 and 2012—firms do not need to engage in FDI per se to succeed in China. While FDI figures only reflect productive units set up in China, many LAC firms have reaped the benefits of direct presence in China via commercial affiliates, representative offices, and investments in distribution networks". Estas conclusões constitutem importantes contributos e reflexões para a definição das estratégias de internacionalização das empresas portuguesas para o mercado da China, sobretudo no que diz respeito aos modos de entrada.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Diplomacia económica: “La Francophonie et la Francophilie”, relatório de Jacques Attali

Na sequência de pedido formulado pelo Presidente francês, François Hollande, foi ontem apresentado um relatório coordenado por Jacques Attali, sobre a dimensão económica da francofonia, designado por “La Francophonie et la Francophilie: Moteurs de Croissance Durable” (pode ver aqui). Pelo que já tive oportunidade de analisar trata-se de um excelente documento com um diagnóstico bastante aprofundado do “estado da arte” da diplomacia económica francesa e com diversas propostas de actuação para um conjunto de áreas prioritárias, nomeadamente a educação; turismo; empresas e tecnologias da informação; saúde; investigação e desenvolvimento; finanças; infra-estruturas;e sector mineiro. Uma reflexão bastante actual e pertinente que merecia também ser levada a cabo, em Portugal, para o espaço da lusofonia!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Encerramento do CDE – Centro para o Desenvolvimento da Empresa (Bruxelas)

aqui, aqui e aqui havíamos abordado o tema CDE – Centro para o Desenvolvimentoda Empresa, herdeiro do CDI – Centro para o Desenvolvimento Industrial, instituição conjunta do Grupo de Estados ACP (África, Caraíbas e Pacifico) e de União Europeia, criada no âmbito do Acordo de Cotonou, e que tem por missão principal o desenvolvimento do sector privado dos países ACP. Foi uma instituição que teve um papel relevante em Portugal, nos anos 90 e no inicio deste século, no estímulo e na criação de condições para a internacionalização de diversas empresas portuguesas para os países ACP, e principalmente para os países da África Subsaariana. Mas no passado dia 18 de Junho de 2014, e tendo em atenção “the various initiatives to restore the CDE to proper working order did not yield the desired results .... (and) the European Union’s desire to proceed with the revision of Annex III of the Cotonou Agreement and the ordered closing of the CDE”,  o Conselho de Ministros dos Países ACP, reunido em Nairobi, decidiu encerrar o Centro para o Desenvolvimento da Empresa  e avançar com a criação de  “a light structure capable of adequately responding to the needs of the ACP private sector while safeguarding the CDE's gains and best practices”. É um nova fase que vai iniciar no apoio ao sector privado, no âmbito da parceria ACP-UE, existindo alguma expectativa sobre o tipo de prioridade que vai dada a este assunto.

Alan Rugman (1945-2014)


Actualmente desempenhava as funções de Director da área de “International Business & Strategy” e de “Founding Fellow” do The John Dunning Centre for International Business da Henley Business School/University of Reading (Reino Unido). Foi professor em várias universidades europeias e e da América do Norte e publicou um largo e diversificado número de livros e de artigos onde, entre outros assuntos, analisou as estratégias e o desempenho das empresas multinacionais. O Prof. Rugman foi também Presidente da Academy of International Business (2004-2006) e “Fellow da Royal Society of Arts” e um dos 10 autores mais citados na área do “International Business”. Deixa uma grande saudade também para todos aqueles que vinham acompanhando a sua obra!

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Implicações da mudança do Banco Africano de Desenvolvimento para Abidjan (Costa do Marfim)

Como já aqui havíamos dado conta, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) vai deixar a sua sede provisória em Tunis (Tunisia), depois de ali ter permanecido cerca de 10 anos, e voltar a Abdijan (Costa do Marfim). Este processo de relocalização já foi iniciado há alguns meses e espera-se que fique concluído até finais de Novembro de 2014. Com esta mudança cerca de 1500 dos 2000 funcionários desta instituição, e respectivas famílias (estima-se um total de 5000 pessoas), vão voltar a Abidjan. Para os funcionários que não pretendam regressar a Abidjan, cerca de 8% do número total de colaboradores,  e que irão abandonar o BAD, foi preparado um pacote de indemnizações para fazer face a esta situação. Mas esta mudança do BAD do Magrebe para a África Ocidental não traz apenas importantes consequências para os colaboradores da instituição. Os efeitos desta decisão são também muito relevantes para as economias das duas cidades, Tunis e Abidjan, e diria até para as economias dos dois países, e para  as aparelhos diplomáticos dos países que costumam acompanhar com mais atenção a actividade da mais importante instituição financeira internacional com intervenção em África. Em relação a esta última dimensão são já vários os países que estão a estudar o reforço da sua presença diplomática, na área económica e comercial, em Abidjan ou a avaliarem que tipo de presença institucional deverão passar a ter na Costa de Marfim, de modo a poderem seguir de perto a actividade do BAD.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Determinantes do investimento directo chinês no estrangeiro

As estratégias de investimento no estrangeiro das empresas chinesas são fortemente influenciadas pela dimensão e pelo potencial de crescimento dos mercados, de acordo com um estudo realizado junto de 140 executivos chineses por Bala Ramasamy, professor na CEIBS - China Europe International Business School (Shangai). Outros factores determinantes na escolha de mercados externos por parte de investidores chineses estão relacionados com a existência de boas relações políticas e diplomáticas com a China e de acordos comerciais bilaterais, de níveis reduzidos de corrupção, de boas infra-estruturas tecnológicas e de facilidades de natureza fiscal e aduaneira. Estes dados têm particular significado num momento em que a China tem um papel cada vez mais relevante enquanto investidor internacional, como revelam os dados do “World Investment Report’2014”. Com efeito, em 2013, o investimento directo no exterior (IDE) da China ultrapassou, pela primeira vez, os 100 mil milhões de USD, representando 18,1% do IDE global e ocupando um lugar preponderante em algumas economias do Sudeste Asiático, África e América Latina. Para as empresas portuguesas, e sobretudo para aquelas com maior envolvimento nos mercados internacionais, o reforço da posição da China (também) como actor e emissor global de investimento directo estrangeiro traz crescentes oportunidades, mas também algumas ameaças. Para que possam tirar os maiores benefícios desta incontornável situação, as empresas portuguesas deverão ser capazes de perceberem as consequências destas macro tendências e de estabelecerem, face a situações concretas, estratégias de colaboração ou de reposicionamento empresarial, principalmente, nos mercados mais relevantes para a oferta portuguesa de bens e serviços, não esquecendo naturalmente o mercado doméstico.

domingo, 8 de junho de 2014

Finlândia e América Latina

Via blogue EcoAmericano do jornal espanhol El País uma análise muito oportuna de Alejandro Rebossio sobre as relações económicas da Finlândia com os países da América Latina. Em 2013, e pela primeira vez, o governo finlandês estabeleceu um plano de actuação específico para esta região do Continente americano onde já estão instaladas cerca de 160 empresas de capitais finlandeses. O stock de investimento finlandês na região já atingiu um montante de  6 mil milhões de euros. Como se constata, até países com poucas afinidades históricas e culturais com a América Latina, como é do caso da Finlândia, estão a apostar no incremento das relações económicas e comerciais com esta região devido, fundamentalmente, às oportunidades de negócios existentes nos mercados latino-americanos. Face a esta tendência e a este tipo de desafios que surgem num contexto de alguma instabilidade económica e política na União Europeia, vai ser particularmente interessante perceber qual  vai ser a "reacção"  de alguns dos parceiros históricos e tradicionais dos países da América Latina. Referimo-nos a Portugal e a Espanha, cada um deles com os respectivos interesses, mas com níveis de envolvimento e de compromisso diferentes.
 

sábado, 3 de maio de 2014

Balanços do alargamento de 2004 da União Europeia - convergências a Leste, divergências a Sul


Ontem, dia 1 de Maio de 2014, celebrou-se o 10º aniversário da adesão à União Europeia (UE) de 8 países da Europa Central e Oriental (PECO), nomeadamente a Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia, Hungria, Polónia e República Checa (em 2004, também Chipre e Malta passaram a integrar a UE). Num breve balanço destes 10 anos de adesão dos PECO, Zsolt Darvas, do “think tank” Bruegel chega a um conjunto de interessantes conclusões:




Estes são alguns factos que evidenciam a rápida transformação económica e social verificada nos últimos anos nos PECO  e sua convergência, em termos do rendimento "per capita", em relação aos países mais dinâmicos da UE, mas também os desastrados resultados das prioridades financeiras e orçamentais que desde 2008/2009 vêm sendo seguidas pela UE em relação a alguns países do Sul da Europa, entre os quais Portugal, que têm levado ao empobrecimento e a perdas substanciais dos rendimentos das populações destes países.

terça-feira, 22 de abril de 2014

África em mudança

A última edição do Africa’s Pulse (veja aqui), newsletter bi-anual do Banco Mundial, destaca um conjunto de factos relacionados com a evolução económica e social recente do Continente Africano, nomeadamente (os sublinhados são meus):
 
- “O crescimento económico na África Subsariana (ASS) continua a expandir-se, com os 4,7 por cento de 2013 a subirem para uma previsão de 5,2 por cento em 2014. Este desempenho está a ser incentivado por uma subida do investimento em recursos naturais e infraestruturas, e um robusto consumo das famílias”.
 
- “Os fluxos de capital para a África Subsariana continuaram a crescer, atingindo uma percentagem calculada em 5,3 por cento do PIB regional em 2013, consideravelmente acima da média de 3,9 por cento dos países em desenvolvimento. Os fluxos entrados na região em investimento líquido direto estrangeiro (IDE) cresceram 16 por cento, atingindo um quase-record de USD43 mil milhões em 2013, graças ao impulso de novas descobertas de petróleo e gás em muitos países, incluindo Angola, Moçambique e Tanzânia”.
 
- “A globalização de serviços é potencialmente uma fonte importante de crescimento para países em desenvolvimento. A tecnologia e a terceirização estão a permitir que serviços tradicionais ultrapassem velhos constrangimentos, como a distância física e geográfica. Os serviços modernos, como o desenvolvimento de software, centrais de atendimento e processos administrativos deslocalizados, pode ser negociados tal como produtos manufaturados de valor acrescentado, permitindo aos países em desenvolvimento concentrar o seu enfoque nesses serviços, na inovação e tecnologia, usando os serviços como importante alavanca de crescimento”.
 
- Embora as exportações da África Subsariana continuem concentradas em alguns poucos produtos estratégicos, os países da região fizeram substanciais progressos na diversificação dos seus parceiros comerciais”, refere Francisco Ferreira, Economista Chefe do Banco Mundial para a Região África. “Ao longo da última década, as exportações para mercados emergentes, como os BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – cresceram de forma robusta, devido principalmente à prolongada fase de procura de matérias-primas. Os BRIC receberam apenas 9 por cento das exportações da África Subsariana em 2000, mas, uma década depois, representavam 34 por cento do total das exportações (…) O Dr. Ferreira explica que o total de exportações para os BRIC ultrapassou as exportações da região para o mercado da União Europeia (UE) em 2010 e continua a crescer. Em 2012 as exportações da região para os BRIC atingiram USD 145 mil milhões. Só a China, representava cerca de um quarto (23,3 por cento) do total de exportações de mercadorias. Como é evidente, esta mudança de parceiros comerciais aponta também a vulnerabilidade da região a qualquer abrandamento nos BRIC, em particular na China ”.
 
A referida publicação acrescenta ainda que os principais riscos ao crescimento e ao desenvolvimento desta região estão fundamentalmente relacionados com a instabilidade política, as alterações dos preços das matérias-primas e a volatilidade local dos preços dos alimentos. Mas são os desafios suscitados pela rápida mudança e transformação económica e social do Continente Africano e os substanciais progressos que os países africanos estão a realizar na diversificação dos seus parceiros comerciais que nesta altura devem merecer a necessária atenção por parte dos actores nacionais envolvidos na realização de negócios e na implementação de actividades de cooperação para o desenvolvimento com esta região.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Why British (and Portuguese) businesses should consider exporting to Poland?

O "The Guardian", um dos mais importantes e influentes jornais britânicos, publicou há dias um artigo chamando a atenção para a relevância dos mercados da Europa Central e Oriental, e particularmente do mercado da Polónia, como destinos preferenciais para operações de investimento e de exportação das pequenas e médias empresas do Reino Unido. As razões para esta recomendação estão relacionadas, fundamentalmente, com o facto da Polónia constituir um fast-developing country benefiting from post-communist economic liberalisation, with a growing appetite for western products" e estar classificado  "among the top 20 most attractive markets globally for retail brands. The fast developing tastes and stable economy mean that if retail is your business, Poland is a great country to target. With internet penetration of 65% in Poland, there are more than 24 million internet users in Poland. That potential can be accessed by simply translating and localising your website for the Polish market”. Veja o artigo aqui.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Volkswagen anuncia um grande investimento na Polónia

 
 
A Volkswagen (VW) acaba de anunciar um novo investimento (de raiz) na Polónia, país onde já possui uma unidade industrial localizada na cidade de Poznán (foto acima). Em Poznán são actualmente fabricados os modelos comerciais Candy e T5 desta marca de automóveis. O novo projecto industrial vai arrancar na cidade de Września (região da Wielkopolska), no âmbito da zona económica especial de Wałbrzych, tem um valor estimado de 800 milhões de euros e irá empregar cerca de 2 300 trabalhadores. A construção desta nova unidade industrial vai iniciar-se ainda este ano e espera-se que, a partir de 2016, se inicie a produção do modelo VW Crafter. Em 2009, prevê-se que venham a ser fabricadas 100 000 unidades/ano de VW Crafter.
 
Este é (mais) um sinal claro da forte competitividade e da capacidade de atracção de investimento directo estrangeiro, nomeadamente do sector automóvel, dos mercados da Europa Central e Oriental e particularmente do mercado polaco. A localização geográfica, a dimensão do mercado interno e dos mercados regionais onde está integrada, a existência de um robusto e diversificado “cluster automóvel” e os baixos custos de factores de produção, quando comparados com os mesmos custos na Alemanha ou na Áustria, fazem da Polónia um destino preferencial, em relação a outros destinos europeus, para os investimentos na indústria automóvel.

domingo, 16 de março de 2014

Festa da Francofonia em Portugal (7 a 27 de Março de 2014)


Está a decorrer em Portugal, até ao dia 27 de Março, a Festa da Francofonia, numa organização de diversas embaixadas de países ligados à francofonia, em colaboração com outras entidades públicas e privadas. São várias as iniciativas de promoção da cultura e dos valores da francofonia  que estão a decorrer em várias cidades portuguesas e que estão integradas nas comemorações anuais do Dia Internacional da Francofonia (dia 20 de Março). Neste âmbito, achei particularmente interessante, e muito oportuno, o artigo de opinião publicado este fim-de-semana no Expresso por um conjunto de embaixadores do "eixo da francofonia" acreditados em Portugal sobre a importância da língua francesa e do seu valor económico.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Razões para apoiar o Manifesto dos 70

As "7 razões para apoiar o Manifesto dos 70" apresentadas por Paulo Pedroso, via blogue Banco Corrido, e que subscrevo na globalidade:

"1. A nossa dívida cresceu de forma descontrolada por causa da crise económica internacional e da incapacidade de resposta adequada à nova situação por parte da Europa em geral e da zona Euro em particular, com especiais responsabilidades da parte do governo alemão na gestão errada do processo.


2. A estratégia assente na austeridade está a criar dificuldades adicionais ao país e não a contribuir para a resolução dos seus problemas. Não apenas depende de tornar permanentes medidas que se anunciaram como transitórias como exigirá recorrentemente medidas mais restritivas e asfixiará o investimento público e privado, retirando oxigénio à economia no presente e potencial ao seu crescimento no futuro. Mais, degradará os serviços públicos, já em risco progressivo de paralisia e baixará persistentemente o nível de vida dos portugueses em geral e da classes médias em particular, ao mesmo tempo que aumenta a precariedade social de diversos estratos sociais vulneráveis à acção ou omissão de acção por parte do Estado.
3. Os problemas estruturais do país não se resolvem sem uma nova estratégia económica e sem a canalização de recursos para um novo perfil de investimento, que mude os factores em que somos internacionalmente competitivos. Essa canalização de recursos é impossível se o Estado estiver duradouramente em contenção e o crédito for persistentemente escasso e caro. Voltar a investir é uma prioridade urgente para Portugal.
4. Não haverá recursos para alimentar um novo ciclo de investimento sem abaixamento dos juros, prolongamento dos prazos de amortização da dívida e todas as outras medidas que sejam necessárias para a redução do esforço nacional com encargos da dívida a um patamar comportável e sustentável no médio prazo.
5. As medidas a tomar para a gestão da dívida devem ser coordenadas no espaço europeu e entre países da zona Euro. É neste espaço que deve ser encontrado o mecanismo institucional de gestão do risco da dívida pública. E é urgente que sejam adoptados os mecanismos adequados ao bom funcionamento, em todas as suas dimensões, vários dos quais continuam a faltar, a ser insuficientes ou a estar mal orientados.
6. Entre esses mecanismos avulta a necessidade de adoptar um processo especial de restruturação das dívidas públicas dos países do Euro que se encontraram sobreendividados pela conjugação da crise económica internacional com a resposta europeia a ela e cuja margem de acção em matéria de política económica está circunscrita pela pertença ao Euro.
7. Não é cedo para gritar que o rei vai nu, conceber estratégias alternativas e lutar para que sejam adoptadas. A dimensão do processo institucional a desencadear implicará tempo de efectivação e discussão transparente. As tentativas europeias de gerir a crise pelo silêncio, pela calada da noite e ao fim-de-semana, para evitar os mercados e as opiniões públicas, trouxe-nos aqui. Não é credível que os mercados não saibam já que as dívidas têm que ser reestruturadas. E parece racional que considerem que a criação de um clima europeu para a sua reestruturação ordenada e no quadro institucional da União Económica e Monetária dá mais garantias de mitigação de riscos do que a entrega à agonia dos países atingidos pela crise internacional e a incapacidade de resposta adequada europeia. "

domingo, 2 de março de 2014

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

BRIC's, CIVETS, MINT's....

Em 2001, Jim O´Neill, à época economista-chefe da Goldman Sachs, lançou o termo "BRIC" para designar as economias emergentes do Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2009, Robert Ward, director do “Economist Intelligence Unit” chamou a atenção para as potencialidades dos "CIVETS", isto é, Colômbia, Indonésia, Vietname, Egipto, Turquia e África do Sul, mas alguns destes países viriam a não atingir o esperado protagonismo económico internacional. Mais recentemente, o mesmo Jim O´Neill avançou com o termo "MINT", ou seja, México, Indonésia, Nigéria e Turquia e considera que estes mercados apresentam um elevado potencial de crescimento económico e de oportunidades para as empresas dos países desenvolvidos. Sobre a crescente relevância internacional destes mercados, o referido ex-economista-chefe da Goldman Sachs realizou uma serie de programas na “BBC Radio”, designada por “MINT: The Next Economic Giants”, e o jornal “The Guardian”, no passado dia 10 de Janeiro, efectuou uma análise detalhada deste tema. Estas são designações que têm por base análises económicas com alguma profundidade e que nos ajudam a compreender melhor, e de uma forma simplificada, algumas tendências da economia global e as potencialidades e oportunidades de negócios existentes em alguns países. Estes são países que estão na agenda de internacionalização de muitas empresas europeias, constituindo importantes apostas no âmbito das suas políticas de diversificação de mercados e de clientes.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Malta aposta num programa de concessão de "nacionalidade gold"

O governo de Malta lançou o “Malta Individual Investor Program”, iniciativa que vai permitir a qualquer cidadão estrangeiro, mediante o investimento de uma quantia mínima de 650 000 euros, obter um passaporte de Malta e desse modo a nacionalidade deste país da União Europeia (em Chipre, e num programa semelhante, são necessários 2,5 milhões de euros para a obtenção da nacionalidade cipriota). Este novo cidadão maltês pode depois solicitar passaportes para a restante família, a preços de saldo: 25 000 euros para cada filho menor e 50 000 euros para os filhos maiores, esposa, pais e sogros. De acordo com o Primeiro-Ministro de Malta, pretende-se com este programa captar investidores estrangeiros e celebridades e individualidades do “jet-set” internacional. Portugal não foi tão longe com a sua política de “vistos gold”, em que mediante determinadas condições, e com um investimento mínimo de 500 000 euros, se pode obter um visto de residência em Portugal. Refira-se que em matérias de atribuição da nacionalidade, os Estados-membros da União Europeia têm autonomia para definirem as suas próprias regras e condições, não estando, por isso, limitados pelos condicionalismos da política de emigração da União Europeia. Vai valer a pena daqui a uns tempos efectuar uma avaliação de algumas destas medidas nas suas múltiplas dimensões incluindo, obviamente, ao nível da imagem externa da política europeia de emigração, por vezes tão restrita e brutal em relação a cidadãos de países terceiros  e até, como vimos recentemente, a movimentos de cidadãos de alguns países comunitários (casos da Bulgária e da Roménia) no espaço da própria União Europeia.


P.S. - Sobre a política de emigração da União Europeia ver aqui uma análise de Corinne Balleix recentemente publicada pela "La Documentation Française".


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Fundos soberanos do Médio Oriente escapam à crise internacional

A crise internacional de 2008/2009 parece não ter afectado a capacidade financeira dos fundos soberanos do Médio Oriente que viram, desde 2007, os seus activos crescerem cerca de 60% e atingirem actualmente um valor de 1.600 mil milhões de USD. Entre os fundos soberanos mais robustos contam-se os da Arábia Saudita (680 mil milhões de USD), Abu Dhabi (425 milhões de USD), Koweit (400 mil milhões de USD), Qatar (175 mil milhões de USD), Oman (16 mil milhões de USD) e Bahrein (11 mil milhões de USD). Estas são entidades com uma intervenção geográfica global e que procuram oportunidades de investimento em múltiplos sectores e empresas. Por isso, deveriam fazer parte do "road map" de instituições internacionais a serem abordadas e visitadas regularmente pelos decisores económicos portugueses, sobretudo os que estão ligados às médias e grandes empresas nacionais mais internacionalizadas.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Programa "Os Europeus", SIC Notícias

Num país onde o debate e a discussão de temas europeus não têm merecido, infelizmente, grande atenção no espaço público, saúdo com grande satisfação o aparecimento de um novo programa semanal da SIC Notícias, designado "Os Europeus", que se propõe acompanhar a vida da Europa e da União Europeia.

Nova pauta aduaneira angolana

Uma nova pauta aduaneira está, desde o início do ano, em vigor em Angola. Esta nova pauta aduaneira veio introduzir algumas significativas alterações no regime de importação angolano com o aumento das taxas e dos direitos aduaneiros sobre um conjunto de produtos importados do exterior e que na maior parte dos casos já são produzidos nesse país. Com esta medida, as autoridades angolanas pretendem, fundamentalmente, proteger e promover o desenvolvimento da sua indústria, através da substituição das importações pela produção local. É uma decisão que vai ter consequências importantes na estruturação do tecido empresarial angolano, mas também ao nível do comércio externo deste país, quer no que se refere à tipologia dos produtos importados, e respectivos países fornecedores, quer no que diz respeito aos produtos que a médio-longo prazo passarão a ser exportados pelas empresas angolanas. Ou seja, esta nova pauta aduaneira vai ter implicações directas no perfil das exportações portuguesas para Angola e até nas estratégias de internacionalização de algumas empresas nacionais que desenvolvem negócios nesse país.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Espanha e o impasse nas obras de alargamento do Canal do Panamá


A suspensão das obras de alargamento do Canal do Panamá que estão a ser realizadas por um consórcio de empresas liderado pela construtora espanhola Sacyr, e que integra a empresa italiana Impregilio, a belga Jan de Nul e a panamiana Cusa, está a causar profundas preocupações nos governos panamianos e espanhol. Em causa está o facto da Autoridade do Canal do Panamá não reconhecer trabalhos extra no valor de 1.600 milhões de USD que na opinião do consórcio construtor de devem à existência de falhas geológicas não previstas no caderno de encargos desta obra. Com efeito, este é um dos maiores e mais relevantes contratos de engenharia internacionais, com um valor de 5 250 milhões de USD, e tem uma importância estratégica para as empresas envolvidas, mas também para a sustentabilidade da presença espanhola no Panamá e para própria imagem global da "Marca Espanha". Para a Sacyr, o Panamá representa 25% da sua facturação e para a FCC, outra empresa espanhola envolvida na construção do Metro da Cidade do Panamá, este país constitui o seu 2º mercado internacional detendo uma carteira de projectos de 2.500 milhões de USD e cerca de 2 400 empregados no país. Para além destas duas empresas, estão também presentes no Panamá cerca de 300 firmas espanholas de vários sectores de actividade (o stock de investimento directo estrangeiro espanhol no país é de 3.000 milhões de USD e permitiu a criação de 15 000 empregos) que podem ver os seus negócios afectados se não for encontrada uma rápida resolução para este diferendo. Para já, o governo espanhol encarregou a Ministra do Fomento, Ana Pastor, de assegurar a liderança de uma equipa de mediação com o objectivo de tentar chegar a um acordo em relação a este assunto, facto que vem colocar, uma vez mais, em evidência o papel que o Estado pode desempenhar no apoio à internacionalização das empresas que actuam nos chamados "mercados públicos", e particularmente em economias emergentes. A prazo, veremos também se o eventual atraso na concretização deste projecto não terá consequências em outras geografias, e nomeadamente em Portugal.

São Tomé e Príncipe – CNN’s Dream Destination for 2014

São Tomé e Príncipe faz parte de “short list” de destinos de sonho para 2014 do canal global de televisão CNN. Uma merecida distinção que poderá trazer efeitos bastante positivos e estruturantes para o sector turístico são-tomense.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Letónia é o novo membro da Zona Euro

A Letónia é o 18º país membro da União Europeia a aderir à Zona Euro. Passou a ser o 2º país Báltico e o 4º país ex-comunista da Europa Central e Oriental a adoptar a moeda única, depois da Eslovénia, em 2007, da Eslováquia, em 2009, e da Estónia, em 2011. Que outros países da Europa Central e Oriental se seguirão na adesão à Zona Euro? É ainda uma grande incógnita, pois se existem países que estão longe de cumprir os critérios exigidos para essa adesão, como a Hungria ou a Roménia, outros acreditam que têm vantagens em preservar, pelos menos por enquanto, as suas moedas nacionais, como são os casos da Polónia e da República Checa. De qualquer modo, e 15 anos depois do lançamento do Euro, em 1999, são já 333 milhões os europeus que utilizam a moeda única.
 
P.S. - Depois de uma "ausência" de cerca de 4 meses, volto aos meus "posts". É uma actividade sempre estimulante que espero que não venha a ser prejudicada, nos próximos tempos, por falta de tempo e/ou de motivação. Boas leituras e votos de um excelente ano de 2014!