segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Espanha e o impasse nas obras de alargamento do Canal do Panamá


A suspensão das obras de alargamento do Canal do Panamá que estão a ser realizadas por um consórcio de empresas liderado pela construtora espanhola Sacyr, e que integra a empresa italiana Impregilio, a belga Jan de Nul e a panamiana Cusa, está a causar profundas preocupações nos governos panamianos e espanhol. Em causa está o facto da Autoridade do Canal do Panamá não reconhecer trabalhos extra no valor de 1.600 milhões de USD que na opinião do consórcio construtor de devem à existência de falhas geológicas não previstas no caderno de encargos desta obra. Com efeito, este é um dos maiores e mais relevantes contratos de engenharia internacionais, com um valor de 5 250 milhões de USD, e tem uma importância estratégica para as empresas envolvidas, mas também para a sustentabilidade da presença espanhola no Panamá e para própria imagem global da "Marca Espanha". Para a Sacyr, o Panamá representa 25% da sua facturação e para a FCC, outra empresa espanhola envolvida na construção do Metro da Cidade do Panamá, este país constitui o seu 2º mercado internacional detendo uma carteira de projectos de 2.500 milhões de USD e cerca de 2 400 empregados no país. Para além destas duas empresas, estão também presentes no Panamá cerca de 300 firmas espanholas de vários sectores de actividade (o stock de investimento directo estrangeiro espanhol no país é de 3.000 milhões de USD e permitiu a criação de 15 000 empregos) que podem ver os seus negócios afectados se não for encontrada uma rápida resolução para este diferendo. Para já, o governo espanhol encarregou a Ministra do Fomento, Ana Pastor, de assegurar a liderança de uma equipa de mediação com o objectivo de tentar chegar a um acordo em relação a este assunto, facto que vem colocar, uma vez mais, em evidência o papel que o Estado pode desempenhar no apoio à internacionalização das empresas que actuam nos chamados "mercados públicos", e particularmente em economias emergentes. A prazo, veremos também se o eventual atraso na concretização deste projecto não terá consequências em outras geografias, e nomeadamente em Portugal.