A indústria de defesa sueca continua a fazer o seu
caminho, com descrição, mas com grande eficiência, como, aliás, caracteriza a
abordagem e o posicionamento internacional da generalidade dos agentes económicos públicos
e privados suecos. Desta vez, o construtor de aviões SAAB acabou de concluir um acordo com o governo brasileiro para a venda de 36 caças Gripen por um valor de 4,8 mil milhões de euros, num contrato em que competia com a francesa Dassault-Aviation, com o seu modelo Rafale, e com a norte-americana Boeing que apresentava uma proposta para o fornecimento do F/A-18 Super Hornet. Esta encomenda vai permitir,
à Suécia, a criação de milhares de postos de trabalho e o desenvolvimento a
longo prazo deste modelo de avião e da própria indústria de aviação militar
sueca e, ao Brasil, o acesso a conhecimentos e a tecnologias nas áreas da
concepção e construção de aviões de combate.
O avião de caça Gripen é actualmente utilizado pelas forças
armadas da Suécia, República Checa, Hungria, África do Sul e Tailândia.
A Suécia é um país membro da União Europeia, mas
que não integra a Nato, e constitui o 3º maior exportador de armas do mundo “per capita”, atrás de Israel e da
Rússia.
Estes factos vêm chamar-nos a atenção para, pelo
menos, três situações que devem merecer alguma reflexão. A primeira, tem a ver
com a competitividade demonstrada pela indústria de defesa europeia que, mesmo
nestes tempos de recessão em muitos países do Continente Europeu, é capaz de
rivalizar com a oferta da norte-americana Boeing, um dos principais “players”
mundiais na área da defesa (apesar de que devemos também ter presente a
dimensão política geralmente associada a este tipo de contratos). A segunda, está
relacionada com o facto muito relevante da indústria de defesa sueca ter
conseguido modernizar-se fora do contexto politico e institucional da NATO ou
de qualquer outra aliança militar. E a terceira, vem destacar a necessidade das empresas portuguesas continuarem a acompanhar com muita atenção as
oportunidades de cooperação industrial e tecnológica existentes no mercado
sueco, quer no sector da defesa, quer em outros sectores de actividade.