terça-feira, 28 de outubro de 2014

A propósito da venda pela Suécia de 36 aviões de combate Gripen ao Brasil

A indústria de defesa sueca continua a fazer o seu caminho, com descrição, mas com grande eficiência, como, aliás, caracteriza a abordagem e o posicionamento internacional da generalidade dos agentes económicos públicos e privados suecos. Desta vez, o construtor de aviões SAAB acabou de concluir um acordo com o governo brasileiro para a venda de 36 caças Gripen por um valor de 4,8 mil milhões de euros, num contrato em que competia com a francesa Dassault-Aviation, com o seu modelo Rafale, e com a norte-americana Boeing que apresentava uma proposta para o fornecimento do F/A-18 Super Hornet. Esta encomenda vai permitir, à Suécia, a criação de milhares de postos de trabalho e o desenvolvimento a longo prazo deste modelo de avião e da própria indústria de aviação militar sueca e, ao Brasil, o acesso a conhecimentos e a tecnologias nas áreas da concepção e construção de aviões de combate.

O avião de caça Gripen é actualmente utilizado pelas forças armadas da Suécia, República Checa, Hungria, África do Sul e Tailândia.


A Suécia é um país membro da União Europeia, mas que não integra a Nato, e constitui o 3º maior exportador de armas do mundo “per capita”, atrás de Israel e da Rússia.


Estes factos vêm chamar-nos a atenção para, pelo menos, três situações que devem merecer alguma reflexão. A primeira, tem a ver com a competitividade demonstrada pela indústria de defesa europeia que, mesmo nestes tempos de recessão em muitos países do Continente Europeu, é capaz de rivalizar com a oferta da norte-americana Boeing, um dos principais “players” mundiais na área da defesa (apesar de que devemos também ter presente a dimensão política geralmente associada a este tipo de contratos). A segunda, está relacionada com o facto muito relevante da indústria de defesa sueca ter conseguido modernizar-se fora do contexto politico e institucional da NATO ou de qualquer outra aliança militar. E a terceira, vem destacar a necessidade das empresas portuguesas continuarem a acompanhar com muita atenção as oportunidades de cooperação industrial e tecnológica existentes no mercado sueco, quer no sector da defesa, quer em outros sectores de actividade.