A imprensa de hoje, e nomeadamente o Diário Económico, faz referência ao facto da Sonangol, petrolífera estatal angolana, não estar a autorizar as petrolíferas estatais chinesas CNOOC e SINOPEC a comprarem uma participação de 20% no bloco 32 à empresa norte-americana Marathon International Petroleum. Adiantam ainda, com base na opinião de alguns analistas, que este episódio pode significar o “fim da lua-de-mel” entre China e Angola. Na nossa opinião, não se trata do “fim da lua-de-mel” e da forte relação económica e politica que une estes dois países. Trata-se antes de mais, de um sinal que as autoridades angolanas pretendem dar ao Governo chinês que não estão “reféns” ou “dependentes” da sua ajuda económica e financeira e que pretendem, como até aqui, continuar a ter um grupo alargado e diversificado de parceiros económicos e comerciais, entre os quais se inclui, obviamente, a China. Esta tem sido a estratégia que inteligentemente as autoridades angolanas têm vindo a seguir, nos últimos anos, quando alguns dos seus principais parceiros económicos começam a ganhar uma “exagerada” relevância ou protagonismo na vida económica e politica angolana. Sinais como o que agora foi dado à China, já foram mostrados, em diversos momentos, a países como a antiga União Soviética, Cuba, EUA, Brasil, França e África do Sul, e até a algumas organizações internacionais - como as Nações Unidas, Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e União Europeia - e são “permanentemente” enviados a Portugal. Aliás, a esta posição mais recente tomada em relação a interesses chineses, não será alheia a decisão do governo de Angola em retomar e reforçar o relacionamento com o Fundo Monetário Internacional, em relação ao qual está agora interessado em obter um financiamento de dois mil milhões de dólares para reestruturação e desenvolvimento da economia angolana.