Segundo uma notícia hoje publicada no diário espanhol “L´Expansion”, Rafael González-Gallarza Granizo, especialista em “Bancos e Cajas” e em “Mercados Financeiros” e sócio do prestigiado escritório de advogados Garrigues, prevê que desaparecerão, no curto-médio prazo, metade das actuais 45 “Cajas de Ahorros”, o que significa uma das piores contracções, dos últimos 60 anos, no mercado financeiro espanhol.
Esta mudança, vai realizar-se, fundamentalmente, através de um processo de fusões das referidas entidades financeiras que, aliás, tem estado a ser estimulado pelo Banco Central Espanhol e pelos Governos de várias Comunidades Autónomas, como é o caso da Catalunha. Hoje mesmo a imprensa espanhola dava também da conta da iminência de um acordo entre a CajaSur y Unicaja para além de se conhecerem negociações entre a Caja Duero y Caja España.
Apesar das dificuldades que algumas destas entidades estão a passar, devido à crise internacional e, em muitos casos, às politicas de crédito pouco criteriosas e e/ou executadas por orientações de natureza politica, não podemos esquecer que as “Cajas” tiveram um papel relevante no desenvolvimento económico e empresarial das 16 Comunidades Autónomas espanholas.
Ao terem um cariz marcadamente regional, pois os Governos das Comunidades Autónomas são geralmente accionistas das “Cajas” da sua região e têm um papel determinante na gestão e na estratégia das mesmas, estas entidades deram dimensão, capacidade financeira e “massa critica” a muitas empresas espanholas, através da entrada no seu capital social, o que lhes permitiu ganharem competitividade no mercado interno e avançarem, de forma mais sustentada, para a abordagem e entrada em mercados internacionais. Sinal deste dinamismo, algumas destas “Cajas” acompanharam a internacionalização das empresas das suas regiões e criaram representações no exterior, nomeadamente em Portugal.
Nesta altura, têm sucursais ou escritórios no nosso país algumas das principais “Cajas”, como são os casos da Caja Madrid, Caja Galicia, Caja Duero, Caixanova, Bancaja, Caja Badajoz, Caja Salamanca y Soria, La Caixa, entre outras. Por sua vez, algumas destas instituições têm posições accionistas importantes em empresas portuguesas (por exemplo, a Cajastur tem 5% da EDP e a La Caixa tem cerca de 30% do BPI) e em empresas espanholas instaladas em Portugal (por exemplo a holding do Grupo Pescanova tem entre os seus accionistas a Caixa Galicia, com uma posição de 20%, e a Caixanova com 5% do capital).
Em síntese, parece-nos que este processo de concentração bancária em Espanha, principal parceiro económico de Portugal, deverá ser acompanhado com atenção pelas autoridades e agentes económicos nacionais devido às suas implicações directas e indirectas na economia e no tecido empresarial português.