Fonte: Le Monde, Tunisie, par Plantu
Depois de 23 anos de ditadura, a esperança volta á Tunísia. A esperança de um pais livre e democrático, de um pais mais justo, mais inclusivo, mais tolerante e menos desigual.
O Presidente Zine El-Abidine Ben Ali até há dias uma referência e um "grande amigo" na região do Magrebe para a União Europeia, tornou-se, subitamente, uma incomodo para estes mesmos países. As posições do governo francês, recusando a entrada em França do Presidente deposto, e do governo italiano, não permitindo que um avião da presidência tunisina ficasse estacionado no aeroporto de Cagliari, são dois magníficos exemplos da "real politik" pura e dura. Até há dias, estes eram os dois governos europeus mais próximos e mais entusiastas da liderança tunisina, mas são também os países da União Europeia com mais interesses económicos e empresariais na Tunísia. Na hora de decidir de que lado ficar, optaram, obviamente, pelo lado dos "vencedores", pela protecção dos interesses nacionais e pela perspectiva de um bom relacionamento politico e institucional com a futura liderança tunisina.
De um ponto de vista económico, urge que esta transição para a democracia - alguém já lhe chamou "revolução de veludo" ou "revolução de Abril" - seja "pacifica" e que seja rapidamente estabelecido o normal funcionamento do país e das suas instituições, sob pena de se verificar uma rápida degradação da sua situação económica. Convém não esquecermos que este é um país fortemente dependente das receitas do turismo (cerca de 12% do PIB e emprega cerca de 350 000 pessoas) do investimento directo estrangeiro, dois sectores que convivem mal com instabilidade politica, insegurança ou perspectivas de uma maior "islamização" da sociedade tunisina. Por ora, tudo ainda está em aberto, e as próximas semanas vão ser decisivas para a clarificação politica da Tunísia.