Fernando Teles, Presidente do Banco BIC (Angola), accionista de referência desta instituição bancária e um notável gestor e empreendedor, concedeu uma interessante entrevista que pode ser lida no último número da revista "Exame Angola" onde são abordados com algum detalhe temas relacionados com o sector bancário em Angola, o futuro da economia angolana e também os projectos da instituição que dirige para os mercados português e angolano.
No entanto, chamou-me particular atenção os comentários de Fernando Teles sobre a estratégia de internacionalização do Banco BIC (Angola) que poderá passar, fundamentalmente, pela entrada e/ou reforço de operações em alguns mercados lusófonos (Portugal, Brasil e Cabo Verde) e também por alguns países da África Central e Austral (África do Sul, Congo, Rep. Democrática do Congo, Zimbabwe e Namíbia). De um modo geral, outros bancos angolanos têm estado também a seguir, ou têm intenções de seguir, esta estratégia de internacionalização centrada nos mercados de proximidade linguística e cultural da lusofonia (incluindo aqui também São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau) e nos mercados africanos de proximidade geográfica, com destaque para a África do Sul. No entanto, e enquanto observador da realidade económica e empresarial angolana, parece-me que existem dois outros países que, a curto prazo, poderão entrar na “short list” de mercados alvo para a internacionalização da banca angolana , a saber: (i) a China, pelo seu protagonismo económico internacional - “the indispensable economy", como a "The Economist" lhe chamou em 2010 - , pela aposta que está a fazer no Continente Africano e também pela dimensão da relação comercial e económica que tem com Angola; (ii) e Espanha, pelo forte interesse das empresas espanholas no mercado angolano, pela relativa proximidade cultural e linguística e pelo impulso que os sucessivos governos espanhóis têm dado às relações com África, e nomeadamente com Angola (por exemplo, a Iberia vai passar a ter muito brevemente ligações aéreas directas entre Madrid e Luanda). Com o estabelecimento de operações directas (por exemplo, através de sucursais ou filiais) nestes dois países, a banca angolana estaria em condições de acompanhar e alavancar a internacionalização dos grandes grupos económicos angolanos para os referidos mercados e de apoiar as empresas exportadores e investidores chineses e espanhóis na sua expansão para Angola.