Este artigo do jornal "Le Monde" chamou-me a atenção pela referência que faz à cidade de Swakopmund, situada na Namíbia.
Visitei Swakopmund, a segunda maior cidade da Namíbia, no inicio da década de 90, juntamente com dois amigos, num percurso de automóvel feito a partir de Windhoek, atravessando parte do deserto namibiano e passando por locais onde as dunas de areia se colavam às águas do Atlântico Sul. Nesta viagem, fizemos também uma paragem em Walvis Bay, à época um enclave administrado pela África do Sul, em pleno "território" da Namibia. Na altura, achei particularmente curioso encontrar naquela pequena cidade portuária, que em tempos fez parte do Sudoeste Africano Alemão, uma razoável comunidade de origem alemã e muitos vestigios da passagem desse país por esta parte do Continente Africano. Em Swakopmund, vi vários exemplos, bem conservados, da arquitectura colonial alemã, ruas com nomes de personalidade de origem alemã, restaurantes de comida tradicional alemã e até lojas de "souvenirs" deste país europeu.
Mas Swakopmund é agora noticia pelo facto de ali estar localizada uma importante mina de extracção e tratamento de urânio da Areva, gigante público francês da fileira nuclear. Com o regresso à agenda internacional do debate sobre a utilização da energia nuclear para fins civis, a Namíbia torna a ganhar uma importância estratégica relevante pois é, actualmente, o 5º produtor mundial deste mineral, atrás do Canadá, Cazaquistão, Niger e Austrália.
Só espero que esta nova corrida às fontes de abastecimento de urânio não venha a descaracterizar aquela pacata "cidade alemã-namibiana" nos confins de África, Swakopmund.