Foto: Renault/Epa
Na passada Quinta-feira, o CEO da Renault/Nissan, Carlos Ghosn e o Rei de Marrocos, Mohammed VI, inauguraram, nos arredores de Tanger, uma nova unidade de montagem de automoveis do grupo franco-japonês. Esta mega unidade industrial, especialmente dedicada a veículos "low cost", tem uma capacidade de produção de 400 000 veículos/ano, representa um investimento de 1,3 mil milhões de euros e prevê-se que venha a criar cerca de 6 000 postos de trabalho directos e 30 000 indirectos. Mas se este investimento tem suscitado um forte apoio e entusiasmo em Marrocos, devido ao seu carácter estruturante para toda a economia marroquina, dando um forte impulso à criação de um importante "cluster" do sector autómovel neste país do Norte de África, o mesmo não se tem verificado em França. Com efeito, em vésperas de eleições presidenciais, com uma taxa de desemprego elevada e com temas como a "necessidade de uma re-industrialização da economia francesa" e "Compre Produtos Franceses" na ordem do dia, este investimento realizado por uma empresa com capitais públicos franceses, está a gerar uma grande controvérsia (pode aprofundar este assunto aqui). Ou seja, a politica industrial está a voltar à primeira linha da agenda politica francesa, o que poderá levar a própria Comissão Europeia a olhar com mais atenção para este assunto que tem implicações determinantes no modelo de estruturação das economias europeias e no comércio externo da União Europeia com os seus principais parceiros económicos. Por outro lado, depois deste projecto e do interesse de outros construtores (Ford e empresas indianas e chinesas) em realizarem investimentos em Marrocos, tudo indica que estão criadas as condições para o desenvolvimento neste país de um "cluster" automóvel de grande importância.