quinta-feira, 28 de julho de 2011

Más noticias para a a economia portuguesa: Millennium/BCP coloca hipótese de venda da sua operação na Polónia


Num post colocado há dias, fiz uma referência aos principais bancos estrangeiros nos mercados da Europa Central e Oriental e à actividade dos bancos portugueses nesta região, nomeadamente ao banco detido pelo Millennium/BCP na Polónia (Bank Millennium).

A imprensa de hoje dá conta da provável venda desta operação. Estão a ser avançadas várias explicações para esta intenção que vão desde a situação financeira do Grupo Millennium/BCP, às recomendações/imposições da “troika” sobre a necessidade de alavancagem do sistema bancário português às novas prioridades de alguns dos accionistas de referência desta instituição, leia-se a petrolífera angolana Sonangol. De acordo com a mesma notícia, o Millennium/BCP vai agora passar a concentrar as suas atenções no mercado doméstico e também em Angola, Brasil, Moçambique e China.
Pela relevância deste anúncio não apenas para o Grupo Millennium/Bcp, mas também para a economia e para as empresas portuguesas, vale a pena contextualizar e destacar alguns factos sobre a actividade deste banco português na Polónia:

- é um “case study” internacional de um processo de reestruturação bancária bem sucedido pela capacidade que houve de transformar, aquando da sua aquisição, um banco praticamente falido (Big Bank Gdanski) e com uma intervenção muito concentrada no Norte da Polónia numa operação bancária de sucesso e com implantação em todo o território polaco.

- a entrada do Millennium/BCP no mercado polaco fez-se no “timing” certo (finais da década de 90) e soube aproveitar todas as oportunidades decorrentes das profundas mudanças económicas e politicas verificadas neste país, sobretudo no período pós-adesão à União Europeia. O mesmo sentido de oportunidade não se verificou em algumas outras operações no estrangeiro: na Turquia, esteve em contraciclo e vendeu a operação quando o país passou a ser considerado com um dos mercados emergentes de maior potencial e quando se verificou uma maior aposta neste país por parte da diplomacia económica e comercial portuguesa; na Roménia, a derrota no processo de privatização da Banca Comerciala Romana para o banco austríaco Erste Bank, obrigou o banco português a avançar com uma operação de raiz num contexto económico particularmente difícil; e em Angola onde operação do Millennium/BCP esteve durante vários anos circunscrita à sucursal de Luanda do Banco Português do Atlântico (a licença foi dada a este banco que viria mais tarde a ser comprado pelo BCP), o que permitiu a rápida expansão em todo o território angolano de outros bancos portugueses – nomeadamente do Grupo BPI, através do Banco de Fomento Angola, e até do Banco Totta e Açores (hoje participado pelo Santander e pela Caixa Geral de Depósitos), situação que está agora a tentar ser corrigido.

- é actualmente o 6º maior banco na Polónia, um dos mercados bancários europeus mais competitivos e onde têm a concorrência dos principais “players” internacionais nesta área (bancos alemães, italianos, austríacos, franceses, nórdicos e americanos).

- é uma referência de boas práticas e de inovação no mercado, sobretudo nas áreas comercial, marketing e tecnologias de informação, graças à elevada qualidade da equipa de gestão do banco que integra, entre outros, um conjunto de excelentes profissionais portugueses (a eventual venda desta operação vai também colocar desafios muito grandes ao Millennium/BCP ao nível das perspectivas de desenvolvimento de carreiras e da integração destes quadros internacionais nas estruturas do banco).

- é uma operação que se tem relevado de elevada rentabilidade e que apresenta um grande potencial de crescimento. Ainda há dias foram revelados os resultados do 1º semestre deste ano do Bank Millennium que atingiram 216,4 milhões de zlotys (54,7 milhões de euros) e que significaram um aumento de 57% em relação ao período homólogo do ano anterior. Por outro lado, as perspectivas de evolução do negócio são bastante animadoras devido à (ainda) reduzida taxa de bancarização polaca e ao potencial de uma economia em crescimento, com cerca de 40 milhões de consumidores e com localização geo-estratégica muito privilegiada.

- é também um “investimento bandeira” de Portugal nesta parte da Europa e que contribuiu bastante, a par de outros investimentos bem conhecidos, para o aumento da curiosidade dos polacos em relação a Portugal e até da notoriedade dos produtos e serviços portugueses neste país. Este investimento permitiu também que muitas empresas nacionais iniciassem o seu processo de internacionalização para a Polónia quer fornecendo serviços para o próprio banco, quer sensibilizando, mobilizando e acompanhando muitos empresários nacionais na abordagem e na realização de investimentos neste mercado.

- foi uma entidade que desde a primeira hora, a par do Grupo Jerónimo Martins, Mota-Engil, BES, Colep e AJR Development, contribuiu de uma forma decisiva para a criação da Câmara de Comércio Polónia-Portugal, sediada em Varsóvia, e que será, provavelmente, a mais dinâmica câmara de comércio bilateral de Portugal no estrangeiro.

Haverá com certeza bastantes justificações para a se colocar a hipótese de venda do Bank Millennium, a jóia da coroa do Millennium/BCP. Mas os motivos que acabei de enumerar são suficientes para eu considerar que se trata de uma “má noticia” para Portugal e para a economia portuguesa.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Mudanças no executivo autonómico da Extremadura (Espanha)


Tenho vindo a acompanhar com alguma atenção a evolução politica da Comunidade da Extremadura, e nomeadamente os resultados das últimas eleições regionais que culminaram com a vitória do Partido Popular (PP), depois de 28 anos de liderança do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). Para se garantir uma maior estabilidade governativa e uma maioria no parlamento autonómico, o novo executivo da Extremadura, liderado por Jose António Monago, é resultante de uma coligação pós-eleitoral realizada entre o PP e a Esquerda Unida (IU).
Espero que este novo executivo da Junta da Extremadura continue a dar a mesma atenção e o mesmo nível de prioridade às relações com Portugal que mereceram por parte da anterior equipa governamental, liderada por Guilhermo Fernández Vara. Um extremenho de Olivença e um verdadeiro amigo de Portugal, graças ao qual foi possível melhorar e aprofundar as relações transfronteiriças entre Portugal e a Extremadura em diversas áreas, com destaque para a economia, educação,  saúde, cultura e infra-estruturas.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

European Enterprise Awards´2011 - Comissão Europeia


O Vice-Presidente da Comissão Europeia, Antonio Tajani, entregou há dias, em Budapeste, os galardões referentes aos "European Enterprise Awards´2011", inicitiva que teve este ano a sua 5ª edição e que tem sido promovida pela Direcção Geral da Empresa e da Industria da Comissão Europeia.

Este ano, os projectos premiados foram os seguintes:

Grand Jury’s Prize
«Barcelona Activa - With its mission to transform entrepreneurship and business growth in Barcelona, the entrepreneurship centre set up by the Barcelona City Council acts as a reference point and hub for entrepreneurs. Using an innovative model of online and on-site services it trains and coaches hundreds of thousands of potential entrepreneurs and has helped create more than 6,000 new companies, Spain ... (More Information).


Promoting the Entrepreneurial Spirit
Together we can do more! Beekeeping, Honey Production, Forest and Sustainable Development - Capitalising on the discovery of a unique bee race by training disadvantaged groups in beekeeping to improve the local economic and social situation, Düzce University, Turkey ... (More Information).


Investing in Skills
Centre for Amsterdam Schools for Entrepreneurship (CASE) - Multidisciplinary entrepreneurship education through real-life practice in all faculties and all levels of study for local university students, Amsterdam Centre for Entrepreneurship, the Netherlands .... (More Information).


Improving the Business Environment
E-factory - Stimulating rural entrepreneurship through e-trade and innovative micro-investment system, The Uppsala Regional Council, Sweden ... (More Information).


Supporting the Internationalisation of Business
Rethinking the Product - Internationalising local businesses by stimulating product experimentation to create prototypes which are presented at international events and fairs, Chamber of Commerce of Prato, Italy ...(More Information).


Responsible and Inclusive Entrepreneurship
The Hotel Panda - in Budapest uses a unique training and employment model to integrate disabled people into the business world, Hungary ... (More Information).


The Jury's special mention has been awarded to:
"Mentoring for Migrants", an initiative which supports qualified workers of ethnic background with their integration into the Austrian labour market... (More Information)».

terça-feira, 19 de julho de 2011

Filda'2011


A 28ª edição da Feira Internacional de Luanda (Filda) abriu hoje as suas portas e conta com uma presença de mais de 600 expositores. Como habitualmente Portugal apresenta a maior representação estrangeira, com cerca de 100 empresas. O país convidado na edição deste ano é o Brasil. Entre 1991 e 2002,  enquanto responsável pelo acompanhamento dos mercados africanos no ICEP e mais tarde como Delegado do ICEP em Angola, colaborei na organização e na promoção da representação oficial de Portugal neste certame, tendo participado em todas as edições anuais da Filda que se realizaram nesse periodo. Longe vão os tempos em que a Filda era a única grande manifestação de natureza económica e comercial multisectorial que se realizava em Angola. Hoje, e felizmente, as coisas mudaram bastante. Multiplicam-se as feiras e outras iniciativas de promoção comercial mas a Filda (ainda) não perdeu o seu encanto e a sua capacidade de mobilização de empresários de todo o mundo para um mercado que continua a apresentar grandes oportunidades de negócios.

Prémios Gulbenkian'2011


É já amanhã que vai ter lugar a entrega dos Prémios Gulbenkian'2011 e que estão divididos pelas categorias Arte,  Educação, Beneficiência, Ciência e Internacional. Apesar da sua longevidade, a Gulbenkian contunua a inovar e a marcar a actualidade portuguesa nas áreas das ciências, das artes e da educação.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Banca estrangeira na Europa Central e Oriental


Fonte: The Economist
Num artigo recente a revista The Economist, chamava a atenção para a forte presença e envolvimento de 3 bancos estrangeiros - o Unicredit (Itália), Raiffensein Bank International (Áustria) e Erste (Áustria) - em diversos países da Europa Central e Oriental. Estes bancos iniciaram e/ou reforçaram as suas operações nesta região, logo após a queda do muro de Berlim, em 1989, souberam aproveitar e beneficiar das oportunidades de negócios que surgiram nos últimos anos e têm hoje uma enorme margem de progressão e de expansão devido ao potencial de crescimento dessas economias e às baixas taxas de bancarização existentes na Europa Central e Oriental. Mas não deixa de ser interessante constatar, apesar da proximidade geográfica e do peso das relações históricas, a forma muito hábil e inteligente como os sucessivos governos austríacos, acompanhados pelas suas empresas e associações empresariais, não tiveram dúvidas sobre o interesse estratégico da Europa Central e Oriental e como mobilizaram, no momento correcto,  recursos e incentivaram a realização de investimentos, quando outros tinham outras prioridades e/ou algum receio sobre os caminhos que estes países iriam seguir.
No caso português, existem 3 bancos com investimentos na região - Millennium/BCP, BES e Banif Mais - que têm apoiado a presença empresarial portuguesa nesta região e contribuído para a colocação de alguns deste países, sobretudo a Polónia, Hungria, Eslováquia e Roménia, na agenda de internacionalização dos empresários nacionais.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

"Emerging Powers in Africa", de David H. Shinn - Uma visão americana dos (novos) actores externos do Continente Africano



David H. Shinn é professor de "International Affairs" na The George Washington University, tem um PhD pela mesma universidade, e foi Embaixador dos EUA no Burkina Faso (1987-90) e na Etiópia (1996-99).
Na sequência de uma intervenção que realizou, a 15 de Junho de 2011, no "Africa Center for Strategic Studies" do "National Defense University", em Washington, elaborou um "paper" designado "Emerging Powers in Africa" que considero de leitura obrigatória para quem pretender acompanhar com atenção a evolução económica e politica em África, e particularmente as suas condicionantes e actores externos. Como potências emergentes em África, o Embaixador Shinn aponta a China, Índia, Brasil, Rússia, Turquia e alguns países do Golfo Pérsico, Cuba e Vietname. As razões destas escolhas são apresentadas de uma forma muito clara e com uma argumentação bastante sólida, rigorosa e bem fundamentada.


P.S. - Veja aqui a versão em português do paper "Emerging Powers in Africa".

terça-feira, 12 de julho de 2011

Doing Business in South East Europe´2011



O World Bank e a IFC - International Finance Corporation acabam de publicar o relatório Doing Business in South East Europe 2011" que analisa o ambiente de negócios e a criação de empresas em 22 cidades num conjunto de países do Sudoeste da Europa, nomeadamente Albânia, Bósnia e Herzegovina, Kosovo, Macedónia, Moldávia, Montenegro e Sérvia. 
Em termos globais, este relatório aponta para uma melhoria significativa do ambiente de negócios nestes países. Esta é uma parte da Europa ainda pouco conhecida por parte das empresas portuguesas, mas que deveria merecer uma maior atenção, sobretudo ao nível das oportunidades e potencialidades existentes na Sérvia.

domingo, 10 de julho de 2011

Flexibilização das trocas comerciais, especialização produtiva e alargamentos da União Europeia



Os dois últimos alargamentos da União Europeia a um conjunto de países da Europa Central e Oriental e que permitiram a livre circulação de mercadorias e eliminação da maior parte dos procedimentos alfandegários nas operações de importação/exportação no espaço comunitário contribuíram, decisivamente, para o aumento das trocas comerciais no espaço intra-europeu e para a redução dos custos e do tempo gasto na realização destas transacções comerciais. Por sua vez, estas implicações revelaram-se determinantes na definição e consolidação, sobretudo a partir de 2004, do modelo de especialização produtiva seguida por alguns destes países (casos da Polónia, Hungria, Eslováquia e Rep. Checa) consubstanciado na criação e desenvolvimento de "clusters" de industrias tecnologicamente muito avançadas, muitas delas de capital estrangeiro. Estas são algumas das conclusões de um estudo que está a ser efectuado por Cecilia Hornok e que nos chegou via Vox.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Collège d' Europe, em Natolin



Há dias lendo a imprensa estrangeira, vi uma referência à conferência dada pelo Presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, no Colégio de Natolin, em Varsóvia, por ocasião do inicio da Presidência polaca da União Europeia.  Lembrei-me da excelente impressão que este estabelecimento de ensino superior, especializado em politica europeia, me causou deste a primeira vez que o visitei, durante o período em que vivi na Polónia. Com efeito esta instituição, fundada em 1992, graças à determinação e à ousadia de Jacques Delors, e localizada nos arredores de Varsóvia, conseguiu reunir um grupo de excelentes professores de vários países que leccionam para estudantes de uma leque muito alargado de nacionalidades e de "background" académicos, num estabelecimento de ensino de grande qualidade arquitectónica e com óptimas condições para o estudo e investigação. De Natolin, lembro-me também da visita e da excelente intervenção realizada sobre politica europeia que ali foi efectuada pelo ex-Presidente  da República Jorge Sampaio, numa das suas deslocações a Varsóvia, e da grande simpatia e enorme satisfação com que Jorge Sampaio foi recebido pelo reduzido grupo de estudantes portugueses desta escola. Num momento em que o projecto europeu se encontra num período de grandes indefinições e turbulências e aparentemente sem qualquer rumo ou sentido estratégico, vale a pena recordar alguns dos casos de sucesso desse mesmo projecto, como é caso do Collège d' Europe (que tem um outro e mais antigo "campus", situado em Bruges, na Bélgica).

Notas Verbais / "Locate" - Ferramenta de apoio consular desenvolvida pelo Foreign and Commonwealth Office

Ao Carlos Albino, nas Notas Verbais, agradeço a referência ao post sobre o "Locate".

domingo, 3 de julho de 2011

"Locate" - Ferramenta de apoio consular desenvolvida pelo Foreign and Commonwealth Office


Quantas vezes, em situações de emergência no estrangeiro, já ouvimos as diversas autoridades  informarem que não dispõem de dados que permitam identificar o número, perfil e características dos cidadãos que se encontram nessas zonas de crise? Quantas vezes não registámos os apelos de familiares desses cidadãos a referirem que não dispõem de informações sobre o seu paradeiro e a solicitarem a rápida intervenção das suas autoridades? Com vista a minorar este tipo de problemas e a acompanhar mais de perto todos os cidadãos do Reino Unido que vão viajar ou que tenham residência no estrangeiro,  o Ministério dos Negócios Estrangeiros (Foreign and Commonwealth Office) deste país   desenvolveu uma útil, eficaz  e muito simples "ferramenta" de apoio consular, denominada "Locate". Veja aqui  as suas especificidades.

sábado, 2 de julho de 2011

Tour de France'2011


Começa hoje a edição de 2011 do Tour de France, a mais importante competição ciclistica mundial por etapas. Ao Tour de France está e estará sempre ligado o nome de um grande ciclista e campeão português: Joaquim Agostinho. Recordo hoje com saudade as sucessivas participações de Joaquim Agostinho nesta prova mítica do ciclismo internacional; as manifestações de apoio e de simpatia que este atleta recolhia nas estradas de França por parte de franceses e da comunidade emigrante portuguesa; a sua célebre vitória em Alpe d' Huez onde deixou bem para trás toda a sua concorrência; a sua humildade, coragem, determinação e espírito de sacrifício;  as excelentes reportagens do jornal A Bola (que nessa altura tinha apenas 3 tiragens por semana) sobre o Tour e os desempenhos deste grande ciclista. Hoje os tempos são outros e os heróis também são outros, mas Joaquim Agostinho ficará sempre na minha memória como um grande campeão e como um dos mais destacados atletas portugueses de todos os tempos.