O estudo "African Development Indicators' 2010" do World Bank vem chamar a atenção para a importância da chamada “corrupção silenciosa” (“quiet corruption”) – a falta de cumprimento por parte de funcionários públicos na prestação de bens ou serviços pagos pelo estado – que é, na opinião desta entidade multilateral de financiamento, um fenómeno generalizado e predominante em todo o continente africano que está a ter um efeito enorme sobre a população mais pobre e que terá consequências muito graves, a longo prazo, no processo de desenvolvimento económico e social deste continente.
Este trabalho aponta exemplos de alguns casos de "corrupção silenciosa" nos sectores da saúde, educação e agricultura:
a) "Um relatório de 2004 concluiu que 20% dos professores nas escolas primárias da zona rural do Quénia ocidental ausentam-se durante o horário escolar, enquanto no Uganda dois inquéritos revelaram taxas de absentismo dos professores de 27% em 2002 e 20% em 2007.
b) Um controlo deficiente a nível de produtores e armazenistas fez com que 43% dos fertilizantes analisados, e vendidos na África Ocidental durante década de 1990, não continham os nutrientes previstos, o que significa que eram basicamente ineficazes.
c) Segundo alguns estudos, mais de 50% dos medicamentos vendidos na Nigéria na década de 1990 eram contrafeitos.
d) Num estudo de observação directa de prestadores de cuidados de saúde no Uganda, a taxa de absentismo foi de 37% 2002 e de 33% em 2003."
Os especialistas do World Bank referem ainda que, apesar da maioria dos estudos sobre corrupção se debruçarem sobre casos que envolvem pagamentos de elevados subornos, a "corrupção silenciosa", embora de menor dimensão em termos monetários, é particularmente destrutiva para as populações mais pobres e vulneráveis e por isso mais dependentes dos serviços públicos para satisfazerem as suas necessidades mais básicas.