sexta-feira, 28 de setembro de 2012

França apresenta prioridades para a área do comércio externo

           Photo : Citizenside/Zaer Belkalai

Nicole Bricq (na foto) é a ministra francesa do comércio externo . Desta vez, e ao contrário do que se tem verificado nos últimos anos ao nível da orgânica do governo francês, a área do comércio externo foi elevada ao estatuto de ministério e goza de autonomia politica própria, deixando de estar na dependência do ministério da economia e finanças ou do ministério dos negócios estrangeiros. Como a politica também é feita de "sinais", este "estatuto de maioridade" que é dado ao sector do comércio comércio representa uma mensagem politica clara sobre a importância desta área de governação  que é dada pelo chefe do governo francês aos empresários locais, e seus representantes, e aos restantes membros do governo. 

No passado dia 17 de Setembro, Nicole Bricq participou nas jornadas anuais da Ubifrance (entidade congénere da AICEP, com cerca de 1400 trabalhadores e presente em 60 países com uma rede de 80 escritórios) e apresentou aos quadros superiores da instituição as principais prioridades do governo francês para a área do comércio externo (antes, teve ainda tempo para referir que a situação económica francesa é grave - lá como cá ou mais cá que lá? - , que o país atravessa uma crise sem precedentes e que por isso é fundamental uma aposta reforçada na promoção do comércio externo e no apoio à internacionalização das empresas francesas ) que passo a citar:

"Votre cœur de cible, ce sont les ETI et les PME qui peuvent s’internationaliser durablement. Le Fonds stratégique d'investissement (FSI) a identifié plus de 800 ETI  (entreprises de taille intermédiaire) stratégiques. Vous proposerez à chacune d’entre elles un programme de prospection et d’accompagnement personnalisé triennal et contractualisé", a indiqué la ministre qui a présenté ses priorités d'action.

En premier lieu, l'identification des filières prioritaires et un regroupement des entreprises travaillant sur ces marchés. Ce qui aurait pour avantage "une intervention collective sur les marchés à l'étranger". La ministre a également souhaité "un renouvellement du portage" avec un soutien accru des grands groupes aux PME pour mutualiser les moyens de commercialisation des produits sur les marchés étrangers.

Une meilleure adéquation de l'offre et de la demande. Nicole Bricq a annoncé la mise en œuvre "très prochainement de couples pays-produits [afin] de coupler l'offre commerciale de nos ETI avec les besoins des pays." Pour ce faire, elle a commandé à la Direction générale du Trésor une étude des zones de croissance et de leurs marchés porteurs sur trois grandes zones géographiques : "l'Europe, les grands pays émergents, ceux que j'appelle les émergents de taille intermédiaire : la Turquie, la Colombie, le Maroc… et les nouvelles terres de croissance en Afrique", a-t-elle précisé.

Les régions devront concourir aux "déclinaisons régionales de mon plan d'action", a annoncé Nicole Bricq qui a souligné leur rôle "majeur, central." La ministre compte fortement sur les régions pour qu'elles "repèrent, sélectionnent et préparent les entreprises capables d'aller vers l'international". Un partenariat État-régions a été signé le 18 septembre. Des plans régions seront proposés d'ici au 31 mars 2013 pour organiser un "dispositif d'appui au développement international des PME et des ETI" en relation avec les pôles de compétitivité, les chambres de commerce et d'industrie, les centres régionaux de la Banque publique d'investissement et Ubifrance qui "doit devenir un opérateur connu et reconnu par les régions", a-t-elle déclaré. Objectif du partenariat État-régions : porter à 10 000 le nombre de PME/ETI d'ici à trois ans.
Les acteurs d'Ubifrance se rendront sur le terrain pour fortifier la présence et le développement des entreprises sur les marchés étrangers. "La mission diplomatique que je mets en œuvre avec Laurent Fabius est une mission nécessaire mais pas suffisante", a précisé la ministre qui a exhorté les acteurs d'Ubifrance "à conduire une action de terrain" pour avoir une approche spécifique des entreprises. "

O plano é ambicioso ( "l'équilibre du commerce extérieur - hors énergie - en cinq ans") e as prioridades parecem correctas. Aguarde-se, agora, pela sua implementação que é a fase mais preponderante e determinante desta nova estratégia de promoção do comércio externo e de internacionalização de empresas francesas (lá como cá ou mais cá que lá?).

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Cimeira UE-África do Sul



Está a decorrer durante o dia de hoje, em Bruxelas, a 5ª Cimeira União Europeia-África do Sul. É uma ocasião para a União Europeia e a África do Sul reforçarem as suas relações ao nível politico e económico, existindo um conjunto de temas de interesse comum, nomeadamente a situação económica mundial, os “dossiers” ambiente, comércio e cooperação internacional e também os temas relacionados com a situação em África e no Médio Oriente.

A União Europeia é o principal parceiro comercial da África do Sul (representa 28% das exportações sul-africanas), o primeiro investidor externo no país (77,5% do IDE na África do Sul tem origem nos países da UE27) e o principal parceiro sul-africano no âmbito da ajuda e cooperação internacional (70% do total de ajuda externa). Desde 2004, o comércio externo UE-África do Sul cresceu 128%  e cerca de 3/4 do investimento directo estrangeiro realizado país foi concretizado por empresas da União Europeia.

Como é habitual neste tipo de iniciativas, o Eurostat publicou há dias um ponto de situação actualizado das relações comerciais e de investimento da União Europeia com a África do Sul. A leitura destes dados  permitem tirar algumas ilacções sobre o posicionamento e a competitividade internacional das empresas da UE27 no país em análise mas também face às suas congéneres europeias. De acordo com a Eurostat, e durante o 1º semestre de 2012, a Alemanha é, de longe, o principal exportador para a África do Sul (4,3 mil milhões de Euros; 33% do total das exportações da UE27 para a África do Sul), seguida do Reino Unido (1,9 mil milhões de euros; 14% do total das exportações), enquanto o principal importador da UE27 de produtos “Made in South África” é o Reino Unido (2,9 mil milhões de euros; 30% do total das importações) e o 2º a Alemanha (2 mil milhões de euros; 21% do total das importações). A posição de Portugal é modesta - as exportações nacionais alcançaram 47 milhões de euros (18º fornecedor no âmbito da UE27) enquanto as importações se ficaram pelos 30 milhões de euros (15º cliente no quadro da UE27).

No entanto, abordagem do mercado sul-africano por parte de algumas empresas europeias tem sido perspectivada no contexto mais amplo da África Austral e da SADC - Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral. A África do Sul é a principal potência económica na África Austral, uma base de operações ("hub") muito relevante para algumas empresas internacionais com negócios na região e é também bastante significativo o número de firmas sul-africanas com investimentos directos em todos os países da SADC. Para o caso de alguns países europeus, entre os quais Portugal, há ainda a acrescentar o potencial económico das respectivas Diásporas que desde que devidamente utilizadas podem permitir o desenvolvimento de boas oportunidades de negócios. Por tudo isto, vale a pena colocar a África do Sul no grupo de mercados internacionais a acompanhar!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

The Sinodependency Index



Depois do "Big Mac Index", a "The Economist" avançou recentemente com a criação do "Sinodependency Index" que tem por objectivo avaliar o nível de dependência das principais empresas multinacionais em relação ao mercado chinês. É um tema muito actual e premente e que merece a pena ser aprofundado, sobretudo quando se avalia o o potencial do mercado chinês, as consequências de eventuais reorientações da politica comercial do país ou até mesmo os efeitos na economia mundial de um possivel "arrefecimento" da economia chinesa. Integram este indicador todas as empresas da S&P 500 Index que foram analisadas em termos sectoriais. Intel, Apple, IBM, GE, Caterpillar, Boeing, Procter&Gamble, Johnson&Johnson, Philip Morris, 3M e AIG são algumas das empresas do S&P 500 Index com maior nivel de exposição e de relacionamento comercial com a China. Uma outra questão que merece a pena ser colocada nesta reflexão é a de sabermos se iremos assistir a uma cada vez maior interpenetração destas empresas na China, e até que nível,  ou se pelo contrário esta relação será diluida face ao interesse e presença destas empresas em outros mercados internacionais emergentes (Indía, Rússia, Brasil, outros países asiáticos, África).

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Espanha: Madrid reforça centralidade económica e empresarial




Madrid não pára!

Em relação ao investimento directo no estrangeiro, as empresas da Comunidade de Madrid investiram 781,6 milhões de euros (55,8% do total), seguida da Comunidade da Cantábria (11,7%), Catalunha (11,3%) e do País Basco (5,7%).

Quanto ao investimento directo estrangeiro em Espanha, a liderança de Madrid ainda é mais significativa. Entre Janeiro e Março de 2012 foram investidos em Madrid 3 162 milhões de euros, o que representou 88,3% do total de IDE em Espanha (+73% em relação ao período homólogo do ano de 2011). Depois de Madrid, seguiu-se, a uma longa "distância", a Catalunha com 274 milhões de euros (7,7% do total).

No período 2003-2012, Madrid recebeu 92 414 milhões de euros de IDE, ou seja,  62% do total de IDE realizado em Espanha. Depois de Madrid, aparece novamente a Catalunha que recebeu ("apenas") 15% do IDE concretizado em Espanha no mesmo período.


Estes são dados que evidenciam a crescente centralidade económica e empresarial da Comunidade de Madrid no contexto de Espanha e diria até no âmbito da Península Ibérica. Numa evolução em sinal contrário surge a Catalunha. São muitos os sinais da debilidade da economia catalã. Resta saber se esta situação se tornará irreversível.

Ainda sobre o discurso histórico de Bill Clinton na Convenção do Partido Democrata

Foto:  Jason Reed/Reuters

Bill Clinton fez ontem um discurso histórico na Convenção do Partido Democrata. Paulo Pedroso chamou-lhe aqui uma "aula prática de política". Por seu lado, o jornal "El País" apelidou este discurso como "La irrupción del rey Clinton", considerando que nunca um ex-presidente dos EUA fez tanto - e tão bem - por um Presidente que busca a sua reeleição. Robert Reich que foi Secretário do Trabalho de Bill Clinton assinala no seu blogue que " Bill Clinton’s speech tonight at the Democratic National Convention was very long but it was masterful — not only in laying out the case for Barack Obama and against Mitt Romney and Paul Ryan, but in giving the American public what they most want and need in this election season: details, facts, and logic". E acrescenta que  "The question is not how many undecided voters saw the speech (I doubt many did) but whether it galvanizes Democrats — giving them the clarity of conviction and argument they need over the next nine weeks to explain why Obama must be re-elected, and why a Romney-Ryan administration would be a disaster for this country". Pelo que conseguiu fazer no seu primeiro mandato, num contexto económico muito dificil, Obama merece ficar mais 4 anos na Casa Branca.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Singapura de olhos postos em África



Depois da China, Japão, Coreia do Sul, India e Taiwan, chegou agora também a vez de Singapura dar sinais claro do interesse em explorar as oportunidades de negócios existentes em África. Nos dias 29 e 30 de  Agosto, as autoridades de Singapura, através do International Enterprise Singapore/Ministério do Comércio e Industria, realizaram a 2ª edição da Conferência “Africa Singapore Business Forum” e assinaram nesta ocasião um acordo com a IFC/World Bank "to jointly identify growth sectors in Africa for Singapore-based companies to invest in and to share business leads and opportunities through partnerships”.

Em 2011, o comércio externo Singapura-África atingiu S$ 13,8 mil milhões o que representou um crescimento de 11,8% para o período 2007-2011. Singapura foi, em 2011, o principal investidor em África no âmbito dos países do ASEAN (cerca de S$ 23,8 mil milhões, o que constituiu um aumento de 29% face ao ano de 2010), existindo 48 empresas com capitais de Singapura instaladas em 42 países africanos (em 2010, existiam 35 empresas em 29 países africanos). Neste âmbito, parece-me que existiem vários oportunidades de negócios a explorar envolvendo empresas portuguesas instaladas em África e empresas e entidades de Singapura, sobretudo nos sectores da banca, seguros, transportes, comunicações, "trading" e infra-estruturas.