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No próximo ano vai estar, mais uma vez, na agenda politica do governo a promoção das exportações, a internacionalização da economia portuguesa e a chamada "diplomacia económica". Para a implementação desta agenda é fundamental o envolvimento e a actuação concertada nos diferentes mercados externos dos diversos actores, públicos e privados, do sistema português de apoio à internacionalização, e nomeadamente da "diplomacia comercial" nacional.
Olivier Naray, professor na Universidade de Neuchâtel (Suíça), tem vindo a investigar nos últimos anos a problemática da "diplomacia comercial" , sobretudo, depois da sua passagem pelos Serviços Económicos e Comerciais da Embaixada da Suíça em Budapeste, e num artigo mais recente faz uma interessante, e também oportuna, reflexão sobre o tema "What a good commercial diplomat has to know and be capable of". Uma sugestão de leitura, neste final de ano, para quem se interessa por este tema.
O Brasil é hoje um actor politico e económico global. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a diplomacia brasileira têm contribuído decisivamente para isso, através da projecção e promoção internacional da imagem, das capacidades e das (novas) ambições deste país. Sinal da vontade do Brasil assumir um cada vez maior protagonismo internacional é o anúncio da recente candidatura de José Graziano da Silva ao cargo de Director-Geral da FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. Esta é uma das mais importantes estruturas das Nações Unidas e o Brasil apresenta uma candidatura forte.
José Graziano da Silva tem 61 anos de idade, é licenciado em Agronomia, Mestre em Economia e Sociologia Rural pela Universidade de São Paulo (USP), Doutor em Ciências Económicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e concluiu também dois pós-doutoramentos, um em Estudos Latinoamericanos, pela University College de Londres, e outro em Estudos Ambientais, pela Universidade de Califórnia, Santa Cruz. Em 2001, coordenou a elaboração do "Programa Fome Zero" e foi posteriormente nomeado, pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ministro Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, assumindo a tarefa de implementar o Programa. Desde 2006, ocupa o cargo de Subdirector-Geral da FAO e Representante Regional para América Latina e Caribe.
A nomeação do novo Director-Geral da FAO apenas terá lugar entre 25 de Junho a 2 de Julho de 2011, em Roma, mas o candidato brasileiro já iniciou a sua campanha. Ao nivel da comunicação e promoção da candidatura, dispõe de uma web page em 6 línguas, de uma newsletter e de uma forte presença nas redes sociais. Constata-se que existe um trabalho bastante profissional, e devidamente planeado, que espero que venha a culminar numa vitória brasileira, e também lusófona, para o mais importante cargo da FAO.
Em Portugal, não temos, infelizmente, muitos exemplos de empresários que, depois de fazerem fortuna, decidem distribuir parte dos seus rendimentos no apoio à implementação e desenvolvimento de projectos e causas no mesmo meio social onde cresceram e e prosperaram as suas empresas. Temos, no entanto, alguns excelentes exemplos, como são os casos das Fundações Champalimaud, Francisco Manuel dos Santos (ligada ao Grupo Jerónimo Martins), Ilidio Pinho e Calouste Gulbenkian (apesar desta ter uma génese diferente das restantes). Nos EUA, a situação é, felizmente, diferente, bastante diferente, de que um dos exemplos paradigmáticos é a The Bill & Belinda Gates Foundation. Vem isto a propósito de uma recente doação de 50 milhões de USD feita à Universidade de Yale por Edward P. Evans, um antigo aluno da classe de 1964 e ex-CEO da editora Macmillan Inc, que vão ser utilizados na construção de um novo "campus" da School of Management. Já em Janeiro, um outro antigo aluno desta escola de origem chinesa, Lei Zhang, havia feito uma entrega de 8,888,888 USD (o oito é considerado um número da sorte na China) para o o mesmo "campus" e para bolsas de estudos de alunos estrangeiros. Enfim, bons exemplos que poderiam também ser (mais) seguidos em Portugal.
O "Wall Street Journal" dava conta num artigo publicado esta semana de que o banco suíço UBS apresentou um novo "Dress Code" para os seus funcionários suíços. Para além de especificar como os funcionários se devem vestir, este longo código de 43 páginas, apresenta também um conjunto de muitas "sugestões" e "conselhos" sobre higiene pessoal, alimentação, roupa interior, perfumes, tipo de calçado, cuidados com o corte de cabelo e muitas outras coisas mais!!!!. Veja abaixo algumas delas (o código completo pode ser obtido aqui):
"Do's
For women
Wear your jacket buttoned.
When sitting, the buttons should be unfastened.
Make sure to touch up hair regrowth regularly if you color your hair.
For men
Store your suit on a large hanger with rounded shoulders to preserve the shape of the garment.
Schedule barber appointments every four weeks to maintain your haircut shape.
Don'ts
Eating garlic and onions.
Smoking or spending time in smoke-filled places.
Wearing short-sleeved shirts or cuff links.
Wearing socks that are too short, showing your skin while sitting.
Allowing underwear to be seen.
Touching up perfume during or after lunch break.
Using tie knots that don't match your face shape and/or body shape."
De acordo com o "Wall Street Journal", o porta-voz da UBS reconheceu que "... the code may appear very detailed and in line with Swiss precision, (...), The goal is for clients to immediately know that they are at UBS when they are entering the bank," he said. After the test phase we may implement the dress code, or adapt it, or not use it at all ".
Este é um assunto que está actualmente a suscitar grande interesse e polémica em termos internacionais com os observadores divididos entre os que defendem as vantagens e a as virtualidades desta medida para a imagem de marca do banco suíço e aqueles que acham se se trata de uma mera acção de marketing sem qualquer impacto na criação de valor para o banco e/ou na fidelização ou captação de novos clientes.
É conhecida a rivalidade entre o Brasil e a Argentina no plano económico, sobretudo no quadro do Mercosul, e também no plano desportivo, nomeadamente ao nível das selecções de futebol dos dois países. Em termos globais, e nos últimos anos, o Brasil tem levado a melhor sobre a Argentina. Porém, e de acordo com um estudo apresentado há dias pela empresa Euroamericas Sports Marketing, a Argentina, no período 2009/2010, foi o primeiro "exportador" mundial de jogadores de futelol, tendo ultrapassado o Brasil. Assim, no referido período, cerca de 1800 jogadores argentinos foram transferidos para o estrangeiro, contra 1440 futebolistas brasileiros. Tal como ao nivel económico também assumem, em termos gerais, cada vez mais relevância internacional os jogadores oriundos de mercados emergentes localizados na América Latina, África, Europa Central e Oriental e até Ásia.
Neste período pé-eleitoral que se vive actualmente em Portugal uma noticia que poderá interessar a quem costuma estar envolvido na preparação e gestão de campanhas eleitorais. A IESE Business School, uma das mais conhecidas e reputadas escolas de gestão do mundo, com sede em Barcelona, acaba de lançar um curso de formação designado por "Campaign Management Program" que é apresentado como "Europe's first executive course for political campaign managers and candidates". Um curso que vem reforçar o relacionamento da IESE Business School com a J.F.K. Kennedy School of Government/Harvard University, uma das prestigiadas escolas internacionais no domínio das politicas publicas e do desenvolvimento e cooperação internacional, e alargar a oferta de formação da universidade espanhola no âmbito dos cursos de "Leadership and Public-Sector Management Programs".
Este excelente "post" de Paulo Pedroso sobre os últimos resultados do PISA e a politica educativa de Maria de Lurdes Rodrigues em que, obviamente, partilho e concordo com a análise realizada.
Angola é nesta altura um mercado estratégico para as empresas e para a economia portuguesas. A banca é um dos sectores onde existe uma maior interdependência e cruzamento entre interesses empresariais portugueses e angolanos, mas é na actividade desenvolvida em Angola que os principais bancos nacionais conseguem gerar uma parte substancial dos seus resultados financeiros. Se os resultados destas operações já justificavam o nivel de prioridade e de atenção que este mercado merece por parte dos decisores bancários portugueses, um estudo apresentado na semana passada em Luanda sobre a taxa de bancarização em Angola deve, ainda mais, reforçar o nível de oportunidades e potencial de desenvolvimento do sector bancário neste país.
Com efeito, segundo um estudo realizado pela Associação de Bancos Angolanos (ABANC), em colaboração com a EMIS e a Marktest Angola, e apresentado no decurso do III Fórum de Economia e Finanças, apenas 11% da população angolana utiliza serviços bancários, constatando-se também uma tendência crescente para a “bancarização” dos angolanos, tanto no que respeita à procura de serviços bancários como quanto à sua disponibilização. Apesar desta taxa de bancarização dever ser contextualizada na realidade económica africana e angolana, estas não deixam de ser boas noticias para os banqueiros portugueses e angolanos.
A luta pelo controlo da construtora alemã Hochtief teve esta semana um novo desenvolvimento, depois da OPA hostil que foi realizada sobre esta empresa pela sua congénere espanhola ACS, liderada por Florentino Peres, actual Presidente do clube de futebol Real Madrid. Refira-se que são duas empresas de grande dimensão, com uma presença geográfica global e com actuação em toda a fileira das infraestruturas e "utilities".
A ACS é já o maior accionista da Hochtief, com um posição de cerca de 30% do capital social, mas os alemães têm utilizado diversos expedientes e estratégias para evitarem o controlo da empresa por parte da ACS. Esta semana, e para baralhar ainda mais esta disputa, a Hochtief conseguiu captar os recursos da Qatar Holding LLC, braço financeiro e investidor do referido país do Médio Oriente, que através de um aumento de capital vai passar a controlar 9,1% do capital da empresa por uma valor de 400 milhões de euros. Tudo isto se passa dias depois do Comité Executivo da FIFA ter escolhido o Qatar como país organizador do Fase Final do Campeonato do Mundo de Futebol de 2022 e que irá obrigar a fortes investimentos em estádios de futebol e na renovação de infraestruturas. Enfim, mais um exemplo em como é cada mais vez mais incontornável, e diria mesmo obrigatório, o acompanhamento e a abordagem dos fundos soberanos dos países do Médio Oriente por parte das grandes firmas europeias nas suas estratégias de capitalização e/ou expansão empresarial.
O LatinoBarómetro é uma ONG chilena que organiza regularmente estudos de opinião na região da América Latina. Entre os trabalhos mais relevantes desta ONG conta-se a "survey" anual "Latinobarometro" que se publica deste 1995. Para a edição de 2010 do "Latinobarometro" foram realizadas 19 000 entrevistas, em 18 países, representando mais de 400 milhões de habitantes. O estudo está disponivel aqui.