terça-feira, 17 de julho de 2012

Espólio da antiga Diamang - Companhia de Diamantes de Angola na Universidade de Coimbra


A Diamang - Companhia de Diamantes de Angola foi, até 11 de Novembro de 1975, data da independência da República de Angola, a empresa concessionária da exploração de diamantes naquela, até então, Província Ultramarina portuguesa.

A empresa foi fundada em 1917 e teve na sua estrutura accionista capitais portugueses – da firma Henry Burnay & Companhia, depois Banco Burnay e do Banco Nacional Ultramarino; belgas – da Société Générale de Belgique e da Mutualité Coloniale; franceses – da Banque de l’Union Parisienne, e dos Estados Unidos da América – do grupo Ryan-Guggenheim. A este grupo inicial viriam a juntar-se, ao longo do tempo, outros investidores.

A Diamang tinha uma área concessão de cerca de 52.000 km2 (mais de metade da área de Portugal Continental que é de 92 090 Km2), que praticamente cobria as actuais províncias das Lundas Norte e Sul. Confinava, a oeste e sul com o restante território de Angola, a sudeste com a actual Zâmbia (então, Rodésia do Norte) e a norte e nordeste com a actual República Democrática do Congo (o então Congo Belga e depois Zaire). A cerca de12 Km a sul da actual República Democrática do Congo, situa-se o Dundo, povoação fundada pela Diamang, e que constituiu o seu centro administrativo na Lunda.

A Diamang foi sucedida, em 1981, pela Endiama – Empresa Nacional dos Diamantes de Angola. Em parte da antiga área de concessão da Diamang continua a intervir uma sociedade mineira participada pelo estado português, através da SPE-Sociedade Portuguesa de Emprendimentos, e do estado angolano, com a participação da Endiama, e designada por SML - Sociedade Mineira do Lucapa.

A Diamang foi uma empresa referência e bastante poderosa em Angola. Gozava de uma grande autonomia face às autoridades coloniais portuguesas e por lá passaram muitos quadros portugueses de grande qualidade, sobretudo na área da geologia.

O espólio documental, fotográfico e fonográfico da Diamang está a ser analisado, digitalizado e disponibilizado ao público pela Universidade de Coimbra no âmbito do projecto "Diamang Digital". Uma excelente iniciativa que nos recorda uma dimensão muito relevante da antiga presença empresarial portuguesa em África, nomeadamente em Angola,  e pouco conhecida das gerações mais jovens.